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«Há tanta, tanta gente neste mundo, todos à espera de qualquer coisa uns dos outros, e, contudo, irremediavelmente afastados« Haruki Murakami
Sim, continuo nas minhas consultas de psicanálise, com a novidade que já comecei a musculação... e não, não é para tornear os braços, bem precisava, é mais para ganhar força na mão, diz que preciso, just in case...
By the way, hoje até fomos contemplados com a Dona Paula, uma sexagenária simpática que tem o botão off estragado. E assim foi assistir ao meu tratamento presenteando-nos com os seus dilemas sobre a tendinite no pé, diz que está sempre a torcer os pés coitada, e dói-lhe muito o dedo em que fez infiltrações, e apenas gosta do laser porque o treino dói-lhe muito (wonder why?), e à e tal também lhe doi na lombar, tem de fazer ondas térmicas mas não aguenta, dói-lhe muito, prefere fazer gelo, e à e tal também usa sempre um imobilizador para o pescoço em casa (na rua não porque não dá jeito) por causa da cervical que lhe doi muito....e "aiii coitada da menina não lhe faça isso, se fosse comigo já estava a gritar e até se ouvia na Praça de Espanha"... bom, tivemos de fugir para um gabinete não fosse contagiar-me com tanta doença...
Mas no meio das lamúrias, o meu Personal Terapeuta deu mais um ar da sua graça com uma explicação sobre a Elasticidade.
- Quando há uma ruptura de um tendão, ao cicatrizar ele vai ficar mais duro e rígido naquele local e perde a elasticidade original, portanto já não estica tanto. Para voltar a ser como antes é preciso muita paciência e treinar diariamente para ele ir esticando devagarinho até atingir a elasticidade original.
- E é possível voltar a ser como antes? - perguntei curiosa
- Igual, igual não é possível, é como um elástico que se rebenta, damos um nó, mas como fica mais frágil por estar mais esticado, mais facilmente pode voltar a rebentar. Tem de se passar a ter mais cuidado.
- Ahhhh...
Pois também é assim com as relações, quando há ruptura ficamos mais duros e frios, fechamos-nos na nossa concha e não queremos sair. É preciso muita dedicação para nos arrancar cá para fora, voltarmos a ceder, a acreditar, a investir. É como aprender a andar novamente. Mas é possível, com paciência e motivação, lá chegamos. Também com cuidado redobrado, para não voltar a desiludir. Mas infelizmente sabemos que, após uma ruptura, nunca voltará a ser exactamente igual.
C'est la vie!
E para não complicar com os pensamentos catatónicos do meu fisioterapeuta, fica aqui uma frase que respeito muito e tento seguir do meu Guia Zen (e sim, eu compro livros que ninguém compra)
" A nossa vida é desperdiçada pelo pormenor... Simplifica, simplifica." Thoreau