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«Há tanta, tanta gente neste mundo, todos à espera de qualquer coisa uns dos outros, e, contudo, irremediavelmente afastados« Haruki Murakami
Esta é daquelas imagens que ataca o meu imaginário mais cor-de-rosa, talvez mais próximo do conto de fadas. Ok, um conto de fadas moderno vá, e na estrada, e um carro em vez de um castelo e com a princesa a conduzir, vá, eu disse moderno...
E é com um sorriso nos lábios que olho para esta imagem e penso institivamente:
ISTO PODIA ACONTECER-ME!
Pára tudo!! É que podia mesmo! Eu conduzo!
Ora, os únicos impedimentos são:
ponto nº 1) eu não tenho um descapotável... (um problemazinho... a avaliar a possibilidade de serrar o tejadilho do meu Peugeot 107)
ponto nº 2) eu não circulo em estradas de 2 sentidos sem separador... bahhh
Arranquem aquela coisa de cimento da A5 sff! é que no mesmo sentido não dá, a menos que eu importe um carro inglês, e ainda assim apanho um torcicolo em tal acrobacia ... bahhh
Hoje estava a pensar num dos personagens do meu romance e lembrei-me de uma história de uma amiga sobre a (fraca) capacidade romântica masculina.
Em tempos a minha amiga conheceu um rapaz simpático, atraente q.b., e saiu com ele durante uns dias. Até que ele ficou farto de beijinhos e abraços e começou a fechar o cerco: chega! Pára tudo! E passou a atropela-la com a mesma pergunta romântica a cada dia que se encontravam: "É hoje que vamos para a cama? É hoje? É hoje?".
Há lá pergunta mais sedutora, capaz de roçar os limites sensoriais mais profundos e arrepiar a pele mais rija e firme?
Tipo, abre-se a porta e em vez de um ramo de flores vem aquele zumbido "É hoje? É hoje que vamos para a cama?" É hoje? É hoje?"... pffff
Ainda absorta em pensamentos, apeteceu-me, num acto de demência pura, dizer ao meu maior I love que o amava. Decido ser impulsiva, e mandar um sms à teenager (com a diferença que eu não escrevo com erros e com k em vez de q).
Depois de muito rodear o telemóvel, escreve-apaga-escreve-apaga, num rasgo de criatividade escrevi "Amo-te". Assim mesmo sem reticências, bonequinhos smiles ou corações <3 . Depois fiquei a olhar para o telemóvel com a ligeira impressão que tinha feito o maior disparate. Sacudi a cabeça "nãnãnã" e continuei a olhar, a olhar, a olhar... à espera que aquele objecto lindo e escandalosamentee caro fizesse um "plin"... Nada... continuei a olhar, a olhar... Uma hora depois aquele objecto demoníaco decidiu grunhir:"PLIN"! e ali estava a resposta carregada de amor e sentimento. Aliás, eu já disse que acho os homens mesmo românticos?? Ah não? Ok.
A aguardada resposta "Também te amo muito". Sem ponto, reticências, bonequinhos e ... justificações. E ali fiquei eu a roçar o ridículo a pensar PORQUE RAIO ELE DEMOROU 1 HORA A RESPONDER??? Sim, porque se ele não respondesse teria o benefício da dúvida "querida, mandaste? ohhh eu não recebi". Ok, isto seria demasiado inteligente e só uma mulher se lembraria deste teatro para limpar a sua pele. Ainda assim fiquei a a pensar enfurecidamente nas várias hipóteses de atraso:
1) Não tinha a certeza da resposta e ficou 1 hora a pensar
2) Não ligou pevides e depois achou melhor responder antes que eu o chateasse
3) Não lhe apeteceu escrever antes, estava ocupado com whatever, I don´t care...
4) Já não gosta de mim, sou uma mal amada... buáaaaa
Depois de assoar o nariz e limpar as lágrimas, dedilho simpaticamente "1 hora depois... é bom saber que sou correspondida". E eis que chega a emotiva resposta automática (só pode, deve estar lá gravada no telefone para quando não tiver pachorra para responder) "Só agora vi o sms"... And that's all folks, despedi-me com um singelo "ok" praguejando sobre a raça masculina "Aghhhhhh".
(já tinha saudades destes desabafos literários)