Saltar para: Posts [1], Pesquisa e Arquivos [2]



Hoje poetisei

por Closet, em 23.08.11

 

 

Hoje comecei um curso de Poesia intensivo. E quando digo intensivo não me refiro apenas ao compacto de aulas seguidas, basicamente 6 dias quase consecutivos de 3 horas non stop. Refiro-me aos próprios "exercícios" de escrita em intensidade psicológica e emocional, mas vá, já sabia para o que ía.

 

Não que eu queira escrever poesia, mais facilmente seria trapezista ou domadora de leões... ok, esta última parece-me... difícil! humm... never know!! Mas queria aprender outras formas de escrita, recorrendo a todos os sentidos e saindo de "lugares comuns". Bom, quero aprender, ponto!

E basicamente a primeira aula foi... perigosa. A começar pelas labaredas dos nossos textos a arder (sim, o professor queimou textos nossos numa espécie qualquer de ritual santânico que desconheço)... a ouvir 3 poemas ao mesmo tempo, um deles o próprio do Eliot a recitar em inglês, sentados no chão de uma sala, até ter de escrever algo auto-biográfico sobre... uma roda dentada, what?? sim, foi a palavra que me calhou! pfff... ok, com um desenho cheguei lá, embora a experiência não me parece que tenha sido com uma roda dentada mas com uma roda de um pneu, so what? era o que tinha de mais parecido, também é redondo e gira, certo?

 

Para concluir posso dizer que não vou passar a escrever com palavras difíceis, só para dizer que escrevo poesia. Não vou passar a escrever palavras como "hodierna" ou "frugal", não, não!

Eu continuo a escrever com as palavras com que falo e penso, e considero dificeis todas aquelas que me custam a pronunciar, como "saudade" ou "desilusão". Tenho para mim que são dificeis todas as que nos metem medo e sempre que ousamos enfrenta-las com a razão.

 

E aqui fica um primeiro "escrito poético" da aula de hoje, sobre os três poetas a declamarem tresloucadamente à nossa volta!

 

Pára! Grita em silêncio

na arena onde se esgrimem vozes no escuro

Ecos desentendidos,

graves, soturnos, aborrecidos

um mundo em língua estrangeira, por decifrar,

abafado num espaço exíguo.

Imóvel, sentada na resignação do barulho,

anseia que as vozes se desliguem

abruptamente no escuro.

Tags:

publicado às 00:14

Tão longe de ti como de mim

por Closet, em 04.04.11

 

«Agora que o silêncio é um mar sem ondas, 
E que nele posso navegar sem rumo, 
Não respondas 
Às urgentes perguntas 
Que te fiz. 
Deixa-me ser feliz 
Assim, 
Já tão longe de ti como de mim. 

Perde-se a vida a desejá-la tanto. 
Só soubemos sofrer, enquanto 
O nosso amor 
Durou. 
Mas o tempo passou, 
Há calmaria... 
Não perturbes a paz que me foi dada. 
Ouvir de novo a tua voz seria 
Matar a sede com água salgada.» 

 

Miguel Torga 

Tags:

publicado às 22:58

Vive!

por Closet, em 08.11.10

 

«Vive, dizes, no presente;

Vive só no presente.

 

Mas eu não quero o presente, quero a realidade;

Que as coisas que existem, não o tempo que as mede.

 

O que é o presente?

é uma coisa relativa ao passado e ao futuro.

é uma coisa que existe em virtude de outras coisas existirem.

Eu quero só a realidade, as coisas sem presente.

 

Não quero incluir o tempo no meu esquema.

Não quero pensar nas coisas como presentes; quero pensar nelas como coisas.

Não quero separá-las de si-próprias, tratando-as por presentes.

 

Eu nem por reais as devia tratar.

Eu não as devia tratar por nada.

Eu devia vê-las, apenas vê-las;

Vê-las até não poder pensar nelas,

Vê-las sem tempo, nem espaço,

Ver podendo dispensar tudo menos o que se vê.

É esta a ciência de ver, que não é nenhuma.

 

Passei toda a noite, sem dormir, vendo, sem espaço, a figura dela,

E vendo-a sempre de maneiras diferentes do que a encontro a ela.

Faço pensamentos com a recordação do que ela é quando me fala,

E em cada pensamento ela varia de acordo com a sua semelhança.

Amar é pensar.

E eu quase que me esqueço de sentir só de pensar nela.

Não sei bem o que quero, mesmo dela, e eu não penso senão nela.

Tenho uma grande distracção animada.

Quando desejo encontrá-la

Quase que prefiro não a encontrar,

Para não ter que a deixar depois.

Não sei bem o que quero, nem quero saber o que quero. Quero só

Pensar nela.

Não peço nada a ninguém, nem a ela, senão pensar.»

 

em Poemas de Fernando Pessoa 

 

publicado às 23:49

esta noche.....

por Closet, em 23.10.10

Puedo escribir los versos mas tristes esta noche.....

 

Podem carregar na pausa do Mixpod, sorry Lilly Allen... para ouvir recitar Pablo Neruda:)

Este é o meu poema preferido dele, incomparável e inesquecível.

 

«Puedo escribir los versos más tristes esta noche.

Escribir, por ejemplo : 'La noche está estrellada,

y tiritan, azules, los astros, a lo lejos'.

El viento de la noche gira en el cielo y canta.

Puedo escribir los versos más tristes esta noche.

Yo la quise, y a veces ella también me quiso.

En las noches como ésta la tuve entre mis brazos.

La besé tantas veces bajo el cielo infinito.

Ella me quiso, a veces yo también la quería.

Cómo no haber amado sus grandes ojos fijos.

Puedo escribir los versos más tristes esta noche.

Pensar que no la tengo. Sentir que la he perdido.

Oir la noche immensa, más inmensa sin ella.

Y el verso cae al alma como al pasto el rocío.

Qué importa que mi amor no pudiera guardarla.

La noche está estrellada y ella no está conmigo.

Eso es todo. A lo lejos alguien canta. A lo lejos.

Mi alma no se contenta con haberla perdido.

Como para acercarla mi mirada la busca.

Mi corazón la busca, y ella no está conmigo.

La misma noche que hace blanquear los mismos arboles.

Nosotros, los de entonces, ya no somos los mismos.

Ya no la quiero, es cierto pero cuánto la quise.

Mi voz buscaba el viento para tocar su oído.

De otro. Será de otro. Como antes de mis besos.

Su voz, su cuerpo claro. Sus ojos infinitos.

Ya no la quiero, es cierto, pero tal vez la quiero.

Es tan corto al amor, y es tan largo el olvido.

Porque en noches como ésta la tuve entre mis brazos,

mi alma no se contenta con haberla perdido.

Aunque ésta sea el último dolor que ella me causa,

y éstos sean los últimos versos que yo le escribo»

Pablo Neruda

publicado às 00:40

Paraíso

por Closet, em 20.01.09

Não é propriamente onde me sinto nos últimos tempos,... a bem dizer,... longe disso, até porque com as +30 sessões de fisioterapia que me passaram dificilmente chegarei a tal sítio tão depressa...adiante... já chorei baba e ranho ao telefone com a minha Best Friend e já passou... agarrei-me ao meu livrinho e resolvi partilhar dois poemas que adoro. Faz bem à alma, já que o resto anda de rastos, whatever...há-de passar, tudo passa desde que haja treino e motivação...right? 

 

«Paraíso

Deixa ficar comigo a madrugada

Para que a luz do sol me não constranja.

Numa taça da sombra estilhaçada,

Deita sumo da lua e da laranja.

 

Arranja uma pianola, um disco, um porto

Onde eu oiça o estertor de uma gaivota...

Crepita, em de redor, o mar de Agosto...

E o outro cheio, o teu, à minha volta!

 

Depois podes partir. Só te aconselho

Que acendas, para tudo ser perfeito,

à cabeceira a luz do teu joelho,

entre os lençois o lume do teu peito...

 

Podes partir, de nada mais preciso

para a minha ilusão do Paraíso »

David Mourão Ferreira

 

E como a vida é feita de recordações, agora o meu querido Cavafy.

 

«Retorna...

Retorna muitas vezes e possui-me,

querida sensação, retorna e toma-me -

quando a memória do corpo desperta,

e o desejo antigo me palpita na veias,

quando os lábios e a pele recordam,

e as mãos sentem como se tocassem.

 

Retorna muitas vezes, toma-me de noite,

quando os lábios e a pele recordam...»

Constantin Cavafy

"90 e mais quatro poemas"

 

 

Este videoclip é giro, uma praia e um por do sol é um paraíso para mim, o giraço também fica bem na paisagem ;-) e ultimamente sinto-me como ele em cima daquela rocha rodeada de mar... what else? enjoy

 

Tags:

publicado às 21:28


Mais sobre mim

foto do autor


Calendário

Setembro 2014

D S T Q Q S S
123456
78910111213
14151617181920
21222324252627
282930