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«Há tanta, tanta gente neste mundo, todos à espera de qualquer coisa uns dos outros, e, contudo, irremediavelmente afastados« Haruki Murakami
Há olhares de beijo.
Não sei se são beijos que se olham penetrantes, se olhos que se beijam sedentos.
Por isso chamo-lhes olhares de beijo, onde a fusão é plena e voraz: beijam com os olhos e vêem-se no beijo.
Imagem retirada da Internet
Às vezes desiludo-me com pessoas. Não todas. Algumas. As que me deixam iludir com elas. Seja como for, a desilusão é sempre uma areia movediça que nos suga assustadoramente. Reajo mal a este sentimento. Petrifico. Transformo-me num rochedo vulcânico, escuro, feio. Não me reconheço. Fujo de mim.
Talvez para me proteger, fecho-as numa cápsula opaca para não as ver mais. Acredito que desapareceram. Já não me alcançam.
Assim, dou por mim a guardar dessas pessoas as memórias de tudo o que um dia gostei delas. Elas ficam em mim pelo carinho que partilhámos. Guardo o seu sorriso, o seu olhar, os seus gestos e as suas palavras. Sorrio ao pensar nelas. Não lamento nem me queixo. Sigo em frente. No meu caminho elas já não se cruzam.
Assim é esta música que adoro:
“Um hálito de música ou de sonho, qualquer coisa que faça quase sentir, qualquer coisa que faça não pensar.” Livro do Desassossego, Bernardo Soares
Porque à vezes me apetece escrever coisas lamechas sem graça nenhuma...e ando a ler O Livro do Beijo de Martine Mairal, e acabei de ler um texto na net sobre a importância do sabor dos beijos e dos abraços, que os devemos saborear... voilá, inspirei-me... só um texto, sorry, e uma foto da net que alguém simpático tirou e eu, muito à frente, já consigo colocar aqui.
Há olhares viciantes que beijam com sabor salgado. É preciso fôlego para não naufragar. Porquê? Nem tudo tem de fazer sentido... Nada me tira o prazer de olhar o por do sol deambulante à medida que os raios penetram no mar. Tudo é tão pouco.