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Fábrica de Histórias

por Closet, em 06.04.09

 

Mar nosso

 

Acabo sempre por voltar a este lugar.
Enterro os pés na areia e ainda sinto o coração a palpitar dentro das veias. São segundos em que acredito que vou-te encontrar. Segundos desconexos, embriagados. Envoltos numa grande névoa de delírio. A loucura de te procurar.
Onde estás, não sei. Sei que não estás aqui. Mas eu volto. Enquanto os meus pés souberem o caminho. E o corpo dormente me arrastar.
Olho o mar revolto. As ondas de espuma a baterem iradas nas rochas. Assim fomos nós outrora. Dois seres rebeldes, ingénuos a vaguear. Foste tu? Ou fui eu? Que importa agora? Aconteceu. Depois perdemo-nos um do outro. Nunca nos soubemos encontrar.
Como as marés vivas de Setembro, o teu olhar invadiu o meu corpo, um estranho desejo torturou a minha mente. O impossível, o improvável. Apaixonei-me de repente. Pelo teu olhar profundo, as tuas palavras doces, o teu jeito meigo de tocar. Abriste o teu mundo para mim. Eu fui espreitando devagar. Depois fechaste-o outra vez, de repente, sem me avisar. Onde estás, não sei. Estás noutro lugar.
Hoje eu sou o mar revolto, e tu a rocha que eu tento em vão derrubar. Olho para ti, um misto de atracção e descontrolo. Quero-te e não te quero, para voltar a querer. Desejar-te é uma loucura que me seduz e incendeia, um rastilho invisível consumido sem se ver.
Sento-me na rocha onde tu esperaste por mim… naquele dia eu hesitei, nunca soubeste. Algo em mim quis recuar. Mas tu esperaste, mais do que uma vez. Esperaste. Curiosamente, eu fiz-te esperar… hoje sou eu que espero por ti, aqui, ou em qualquer lugar.
Sei que estás por aí. Que voltas. Ainda vai existir um beijo, um abraço, um olhar. O mar bate nas rochas, vai e volta. Assim é o desejo. Sei que entre nós existe um imenso oceano por desbravar.
Texto escrito para a Fábrica de Histórias. (um cadechinho tarde, eu sei...fui ao cinema ver um homem nu azul que viajava para Marte...só eu!..e ainda fui contemplada não com 2 horas de filme...mas 3...lucky me!)

 

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publicado às 00:11

Mar e Areia

por Closet, em 08.01.09

Hoje que até vinha lançada para chegar cedo, acabei por chegar às 20h30.

É certo que demorei quase 15 minutos a carregar nos botões para abrir o portão de ferro da garagem, comigo nunca funciona e todos os dias praguejo para o abrir...lá para fechar ele nem hesita, sempre à espera de me triturar o carro. Por mim pode ficar sebento, cheio de pó e com a tinta a cair aos bocados,  se não corresse sérios riscos de ser expulsa do condomínio ainda lhe rabiscava uns grafites só para o chatear.

Mas a razão maior foi ter-me perdido numa feirinha de livros que está no Metro do Cais do Sodré. Confesso que fiquei indecisa entre o "Guia de uma mulher ocupada para ser bela" (não era bem este o título mas era do género, até me estou a ver a escrever estes conselhos sábios!) e o "Dicionário Prático de Português-Russo / Russo-Português", este sim, essencial nos dias que correm, com a dificuldade que tenho em entender-me com certas pessoas com quem lido diariamente, falam russo de certeza... Mas acabei por me perder pelos "Aforismos de Kafka", um homem que diz que a palavra "sein" em alemão tem dois significados, existir e pertencer a alguém... dá que pensar! A minha irmã é mais velha que eu 9 anos e é mestre em Filosofia. Assim, quando as outras crianças ouviam as histórias da Bela Adormecida, eu convivia feliz com as Elegias de Rilke e os Aforismos de Kafka... mas by the way, era a única criança de 12 anos que sabia as histórias dos Deuses gregos de cor! Fazia furor :)

E ainda embalada por este senhor, fui rabiscando umas coisitas no meu caderno durante a viagem de comboio, e já agora que tenho este cantinho aqui, e a criançada está a ver o Panda até às 21h30 porque eu deixo, vá, depois vão para a cama... pensei: why not? Posso partilhar alguns rabiscos aqui no Blog. Não há censura! E eu até gosto de escrever aqui, parece que estou a falar, e até tenho saudades de escrevinhar a algumas pessoas, whatever... como o meu amigo que me vicia nos inglesados me disse hoje por e-mail

By the yes by the no, só para verem que sei rimar :P, aqui fica!

 

Tu eras o Mar

Eu era a Areia

eras aquela onda imensa ao longe

que brilhava soalheira.

 

Aproximavas-te de mansinho

deslizavas aos meus pés

rebentavas cheio de espuma

com a força das marés.

 

A tua espuma sedante

envolvia-me e enroladas

eu e tu misturados

como num conto de fadas.

 

Já não era areia branca

reluzente e desprendida

Era molhada, viciada

Indefesa e rendida.

 

Aquele momento embrulhados

eras prazer e loucura

mas estava na natureza

recuares sempre com bravura.

 

E deixas em mim uma marca

com o que levas contigo

a minha alma, um desejo

um companheiro, um amigo.

 

Vais batendo com fúria

numa rocha que nos rodeia

ela não cede, é dura e fria

eu rodeio os seus pés com areia.

 

Espera! Percebi então

na confusão da minha mente:

Tu eras afinal a rocha dura

Eu era o mar e a areia, estranhamente.

 

 E em homenagem ao meu amigo inglesado que não gosta da Tina, da Avril nem do Enrique, pronto aqui fica a Katie Melua que gostas! Eu também adoro esta!

 

 

publicado às 20:43


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