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«Há tanta, tanta gente neste mundo, todos à espera de qualquer coisa uns dos outros, e, contudo, irremediavelmente afastados« Haruki Murakami
Um dia encontras-me num lugar singular, imprevisto.
Chegas devagar e dizes-me:
- "Olá tudo bem?"- com a habitual voz coloquial, desprendida de significado.
Respondo-te com um sorriso aberto, algo tímido disfarçado. Murmuro:
- "Olá, tudo bem contigo?".
Não haverá lugar a qualquer resposta, nenhum dos dois está verdadeiramente interessado naquela pergunta, tão desprovida de sentido.
Um dia encontro-te no lugar mais recôndito, ou banal. E os dois, em frente ao outro, seremos dois estranhos repelindo orgulho.
Os olhos ainda se tocam intermitentes. Mas s palavras entre nós morreram de espera, miseráveis. Inúteis. Vagabundas.
Um dia encontras-me num lugar qualquer, e o espaço entre nós dois, ainda que minusculo, abrigará um silêncio do tamanho do mundo.
E eu até sou capaz de falar do tempo, e tu até és capaz de me dizer as previsões da meterologia. Ridículos.
Encontras-me, um dia, num lugar estranho, e serás tão estranho como um vulto distante, perdido.