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«Há tanta, tanta gente neste mundo, todos à espera de qualquer coisa uns dos outros, e, contudo, irremediavelmente afastados« Haruki Murakami
Senta-se de costas no comboio que a transporta
num regresso rotinizado olha o mar despido, agitado
e sente que o tempo lhe passou ao lado.
Mais uma vez, não sabe ou certo,
desde quando viaja ao contrário
mergulhada no seu imaginário
perdeu a noção do longe e do perto,
da direcção.
Vê o seu vulto passar numa paragem qualquer
E ainda tenta acenar, sair ali por Algés
dizer-lhe "Olá, tudo bem?".
O comboio não pára, continua a andar
Já não vê ninguém.
O vulto ficou para trás
assim como a memória, incapaz
de esquecer aquela noite fatal.
De palavras erradas, corpos embrigados,
esquecer a música, apagar o local.
Mecanicamente,
Entra e senta-se de costas,
recosta-se e vê o mar agitado,
a vida a passar ao lado,
Mas ali, assim, de repente
no absurdo impossível de voltar
sente-o mais próximo de regressar.