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«Há tanta, tanta gente neste mundo, todos à espera de qualquer coisa uns dos outros, e, contudo, irremediavelmente afastados« Haruki Murakami
És como um comboio a vapor
lento, barulhento, ensurdecedor...imortal.
O tempo passa por ti, trilhando o desejo carnal
a obssessão invencível,
que é transpirar o vapor do teu cheiro,
Transpor o latão insensível,
o impenetrável apetecido.
És como um comboio antigo
que ainda percorre caminhos imensos.
Intensos,
como os breves momentos contigo
enrolados em memórias da imaginação.
Pontas soltas
trespassadas na fronteira da razão.
Bastava um sorriso volátil, numa carruagem qualquer
e podia ser tua mulher
neste comboio sanguinário
que viaja em terreno movediço.
Podíamos juntos correr o mundo,
mas descarrilámos, por destino ou feitiço,
algures à beira da estrada.
Sem rumo.
Sozinha, acidentada
Ainda tenho a miragem do comboio antigo,
a passar devagarinho.
E estremeço no confronto do olhar encenado
Mas sei hoje que és só isso,
um comboio a vapor descarrilado.