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«Há tanta, tanta gente neste mundo, todos à espera de qualquer coisa uns dos outros, e, contudo, irremediavelmente afastados« Haruki Murakami
Encontram-se de passagem e já não têm nada para dizer. Um silêncio no olhar que incomoda, uma impotência inerte, uma ausência de vida.
Raspam os corpos em movimentos paralelos sem cruzar o olhar. Por vezes cruzam. Ele pisca-lhe o olho destreinado, ela esboça um sorriso antigo. Não dizem nada.
Encontram-se. Separam-se. Ela lembra-o mais uma vez. Só mais uma, repete descrente. Estremece e suspira. A ridícula distância aumenta, perpétua-se de dia para dia, num abismo de memórias que se desvanecem.
Encontram-se por entre passos apressados e os olhos dela ainda se prendem por vezes nos dele sem querer. Normalmente sorri. Normalmente ele retribui. Como retribuiu aquele beijo há um ano atrás. Ela nunca compreendeu porquê. Ele não lhe deu outra oportunidade. Apenas aquela noite em que não sabia se o desejava para sempre, ou só por essa noite. Ele abriu os braços e os seus mundos tocaram-se. Ele nunca lhe disse o porquê. Já não interessa. Como não interessa saber porque ainda pensa nele. Abana a cabeça e suspira. Porque sim.
Meravigliosa Creatura