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«Há tanta, tanta gente neste mundo, todos à espera de qualquer coisa uns dos outros, e, contudo, irremediavelmente afastados« Haruki Murakami
Paleta de sensações
Roxo, cor de uva, sim é uma cor, a cor do verniz das minhas unhas. Ris-te. Reparas nele e tocas as minhas mãos com carinho enquanto te recostas no sofá coral. Abraças-me e bebes mais um pouco do teu whisky.
Rosa, foi o meu sorriso tímido ao encontrar o teu naquela tarde de Outono. Sorri, embaraçada, e sentei-me ao teu lado feliz. Tocou-me, com uma agradável brisa do vento, o azul turquesa dos teus olhos. Relaxei no puf indigo. Bebemos uma cerveja, amarela pálida, fresca e vimos o por-do-sol laranja a baixar no horizonte. Castanha era a areia onde enterrei os meus pés enquanto caminhavamos em direcção ao mar azul escuro. Estava calmo nesse dia, a contrastar com a inquietude púrpura dos sentimentos que me percorriam. Despediste-te de mim, numa cor indefinida, talvez entre o verde lima e o caqui. Foi confuso esse dia. Mas vi-te de relance, a caminhares para o carro de braços esticados, perdidos em direcção ao céu azul infinito.
Depois deste-me um bouquet de rosas vermelhas, imagino se sabias o que isso significa? Tudo, ou talvez nada. Fantasias de romances numa mistura de salmão e rosa fuchsia. Pedi-te malmequeres brancos, não quis sonhar com um céu azul claro numa manhã sépia de loucura. Errei, perdi-me no sabor escarlate dos teus lábios e pintei-me numa paleta de sentimentos antagónicos entre o verde água e o azul marinho. Confusa, não encontrei mais o caminho.
Os meus dias ficaram cinzentos, numa perturbadora ausência de ti, amarga cor de licor, uma tela abstracta de pinceladas negras e grenás.
Fujo. Corro em direcção a um sol amarelo brilhante que, em silêncio, deixa-me vivo na alma o azul turquesa dos teus olhos, o rosa do meu sorriso.
Texto escrito para a Fábrica de Histórias