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«Há tanta, tanta gente neste mundo, todos à espera de qualquer coisa uns dos outros, e, contudo, irremediavelmente afastados« Haruki Murakami
Dissemos quase tudo
o mais importante ficou para depois,
brincámos com palavras inventadas
embrulhadas num novelo de emoções.
Dissemos quase tudo
o que entre nós havia para dizer,
alegres, tristes, irritados
presos numa teia até adormecer.
Desejei impune os teus lábios
sonhei que as palavras saiam deles
sedentas, a escorrer
as palavras, as malditas palavras
que me incendiaram sem perceber.
Calaste-me com um beijo,
Perdi o norte, bloqueei a razão
e as palavras esperadas, pobres
submissas ao prazer da ilusão .
Seguimos o nosso trilho
de costas voltadas, despidos e sós,
tua e minha, uma solidão
num monólogo sem voz.
Se sinto a tua falta? Jamais te diria.
Em mim existe o vazio enorme das palavras,
aquelas que me deslumbraram um dia,
que disseram quase tudo,
quase tudo, menos o que mais esperava
o que tardava e eu nunca ouvi
dizerem simplesmente "não vás, fica aqui".