Sempre sonhei em ter gatos. Mas o meu pai nunca me deixou (até ao dia em que vim de um campo de férias de arqueologia com um no bolso da camisa e… bem…no carro ouviu-se um “miau”…e o meu pai gritou “que é isso??” “…"foi a minha descoberta arqueológica…” Ficou).
Comecei com bichos da seda… mas transformavam-se um borboletas horríveis…Passei para os hamsters, tive 4, Popom e Pantufa, Pompom2 e Pantufa2, original, hein?? Adiante, até porque o último morreu porque o deixei cair da janela, shame on me!
Aos 13 anos convenci o meu pai a aumentar um ‘cadechinho o tamanho do bicho de estimação, e evoluí para o Porco da Índia, que é uma espécie de rato gigante. Pela sua envergadura achei que devia ter um nome “à séria” e chamei-lhe Fred.
Na 1ª consulta de veterinário para fazer a sua ficha perguntaram o nome. Eu, que broto palavras mais rápido que a velocidade do vento, nem pestanejei e disse “Frederico *****” nada mais nada menos que o meu apelido, está claro! O meu pai fulminou-me com os olhos e soltou um “querida, o rato não é da família” e assim o pobrezinho ficou a chamar-se "só" Fred…
Não conformada com a discriminação do bicho, Eu, teenager esperta, achei que o rato tinha de ser letrado e, nem mais, levei-o à escola. Why not? E lá ía o rato assistir às aulas à tarde de electrotecnia, o prof adorava animais e assim lá me ía dando positiva à disciplina sem eu nunca ter acendido um circuito eléctrico. Who cares?? O rato era um verdadeiro sucesso na escola.
E não suficientemente contente por o rato ser barra em geradores e fusíveis, achei que também tinha o direito de andar em transportes públicos, e lá o levava comigo de autocarro. Mas não ía numa gaiola, não senhora, aquele rato nem tinha nada do género… se eu detestava estar enclausurada porque é que iria fazer isso a um bichinho?? Andava à solta pela casa e nos transportes ía confortável dentro da manga do meu blusão de ganga! Isto até ao dia em que uma senhora gritou horrorizada “está a pingar da manga…” escusado será dizer que saí de rompante na saída seguinte…e o blusão foi para lavar, claro!
O rato era uma companhia interessante, e para o ter perto de mim enquanto estudava colocava-o em cima de um banco com uma borracha na cabeça…como ele tinha medo de saltar ficava paralizado naquela “ilha”, quietinho sem se mexer e com a dita borracha em cima (ainda hoje tenho remorsos por isso, que raio de ideia a minha!).
Mas a verdade é que o rato morreu num Inverno e de velhinho, mesmo tendo resistido numas férias em casa dos meus avós a um buraco na barriga, provocado por uma borbulha que rebentou de uma picada de um mosquito, porque ele teve de ficar a dormir na capoeira dos coelhos… pobre bicho, não sei porque não o deixaram ficar dentro de casa??? Foi uma tourada procurar urgências veterinárias por terras da Figueira da Foz…e by the way o meu pai tentou convencer-me que ele era aparentado de coelho e que vivia ali feliz com eles... No way, regressou comigo para Lisboa!
E foi assim a história do meu porco Fred. Hoje sonhei com ele por isso resolvi partilhá-lo aqui!