Eles frequentavam um curso todas as terças e quintas, depois das 18 horas.
Ela inscreveu-se para não enfrentar em casa um casamento apagado, ele ía para evoluir numa carreira em que não estava interessado. Ambos estavam lá pelo motivo errado, por destino sentados lado a lado.
Uma conversa, uma piada, olhares e sorrisos e, de repente, sentiram-se atraídos.
Trocaram e-mails do trabalho. Trocaram dois beijos na despedida. Trocaram as mãos. Trocaram as voltas à vida.
Os e-mails começaram, primeiro um, depois dois, três, quatro por dia, num viciante jogo de ping-pong, quando um atacava, o outro defendia. Primeiro falavam do curso, depois de assuntos banais, depois desabafos, piadas, ironias, coisas inventadas, coisas reais.
Ele deu-lhe o seu telefone. Ela dizia que não o queria. Apagou-o tantas vezes, voltou a escrever. Até que percebeu que já não o conseguia esquecer.
Telefonou por tudo, telefonou por nada, zangou-se com ele. Pediu para não lhe telefonar, depois amuou por ele não lhe falar. Ele falou. Foi falando sempre. Ás vezes divertido, outras indiferente.
Encontraram-se na praia, beberam um copo num bar, estiveram sentados na areia, até a lua chegar.
Num encontro inesperado, ele não a conseguia encontrar, ela foi ao seu encontro, sem sequer imaginar. Uma cerveja gelada, uma conversa para distrair, ela levou-o a casa, ele convidou-a a subir.
Uma casa vazia, uma cama desfeita, um beijo esquivo na despedida, uma química perfeita.
Ela fugiu confusa, sem saber o que fazer, arriscava a sua vida segura, procurava casas para viver. Ele rodopiava em círculos sem saber o que sentia, queria estar com ela? Ou não queria? E enquanto esperava bebia.
Ela voltava para casa, com as lágrimas no olhar. Mas recebeu uma mensagem dele a convidá-la para dançar. Ela não queria ir, mas acabou por voltar.
Uma música de fundo, uma conversa melada, corpos entrelaçados, até de madrugada.
Ela deslizou dos seus braços como um pássaro ferido, nesse momento sabia que já o tinha perdido. Ele deixou-a partir, num adeus amargo e frio. Apenas ficou entre ambos um desconfortável vazio.
No dia seguinte não falaram. Nem no outro, nem depois. Como se tivesse sido um sonho, vivido estranhamente a dois.
Conversas surdas, diálogos mudos. Seguiram a sua estrada. Nenhum quis assumir que estavam numa encruzilhada.
E nunca mais se encontraram, ou falaram sobre o que cada um sentia. Mas continuaram sentados, lado a lado, como os estranhos do primeiro dia.
é sempre um prazer escrever para vossemecê!! Bjs "à mim" ,-) PS: olha agora há uns pacotes novos da Sical, acho, que dizem "gosto do meu café..." e depois sai "frio", "suave"..e a mim saiu-me o quê??? "a escaldar", claro :)) just me!