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se tudo o que sentíssemos

por Closet, em 18.09.14

 

 

Se tudo o que sentíssemos fosse amor.

Os olhos rasgavam as dúvidas escondidas e as mãos falavam soltas, sem pudor. 

Brilhava no escuro a ansiedade da pele arrepiada. E os lábios, sequiosos, raspavam-se selvagens, por instinto, para depois perderem-se pelo corpo, deslumbrados. 

Trocávamos em segredo as palavras invisíveis, que revelam as coordenadas de todos os sorrisos contidos. Sem horas, nem pressa. Vagueávamos, nómadas, cúmplices de cheiros e saliva.

Se tudo o que sentíssemos fosse amor.

A verdade era a nossa melhor fantasia. Inocente, genuína, impune de aspas e virgulas. 

Surgia em linhas curvas, assimétricas, sem ponto de chegada ou partida. Transbordava desejo, loucura, emanava euforia.

 

Deitados sobre a areia contemplamos o céu imenso, infinito. O crispar das ondas ao longe, a sua inevitável rebentação em espuma. Não sabíamos ao certo que horas eram, tão pouco distinguíamos o sol da lua. 

- Queres-me?- perguntas.

Se tudo o que sentíssemos fosse amor, esta pergunta não existia.

 

 

publicado às 19:19


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