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«Há tanta, tanta gente neste mundo, todos à espera de qualquer coisa uns dos outros, e, contudo, irremediavelmente afastados« Haruki Murakami
Já perdi a conta às pessoas que amei, e me deixaram. Amei de formas diferentes, mas todas elas genuínas.
Deixaram-me. - Por amor, diziam.
Afastaram-se de mim, abruptamente, deixando no seu lugar um buraco fundo invisível. Para onde são atirados fragmentos de recordações gravadas na pele, e memórias de momentos para sempre perdidos.
Umas despediram-se de mim com algum tipo irracional de explicação, outras simplesmente viraram as costas na escuridão que a ausência perpetua. Mas desapareceram da minha vida. - Por amor, diziam.
Que me lembre, a nenhuma eu pedi para ficar, é certo. Que me recorde, nunca o amor para mim foi substituível.
Há mais de uma semana que não sei de ti.
Não te oiço os passos cansados, os horários desencontrados e as conversas misturadas de conforto e carinho.
Há mais de uma semana que não sei de ti.
Talvez até já tenham passado duas, o tempo sempre entrou em conflito comigo. Mas desta vez já não me rasgo por dentro, descontrolada. Não sufoco medos ou invento desculpas inúteis e sem sentido.
Não sei de ti. Assumo. Mais uma vez. É só mais uma vez, igual a tantas outras. Como se houvesse na terra um buraco enorme que te engolisse. Sei agora, com toda a certeza, que voltarás um dia. Apareces assim do nada, sem grandes desculpas ou explicações. E eu já aprendi a aceitar e não questionar. A vida é mesmo assim ao teu lado, um tecido tão raro, mas remendado, que por tantas vezes esgaça. Já aprendi a deixar-te viver nas minhas fantasias e ilusões e a entregar o meu fôlego a tudo o que vou agarrando de verdadeiro da vida.
Sei agora, com a certeza que tanto me queima a pele como me alimenta, a alma que te lembras de mim, sempre, ao acordar. E que me levas contigo à noite nos teus sonhos, aqueles com que aqueces a cama fria.