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«Há tanta, tanta gente neste mundo, todos à espera de qualquer coisa uns dos outros, e, contudo, irremediavelmente afastados« Haruki Murakami
"O Beijo é um procedimento inteligentemente produzido para interrupção mútua da fala quando as palavras tornam-se desnecessárias."
E foi assim que te beijei. Desprevenido. Sem eu própria perceber o que não queria dizer. Talvez não encontrasse as palavras certas, ou não quisesse mesmo falar. Era beijar que eu queria. Os teus lábios grossos que me desafiavam a cada segundo. O Beijo dizia tudo e, ao mesmo tempo, deixava no ar o perfume inebriante da dúvida e do ciúme. Queria-te e não te queria. Aquele beijo que ardia desejo arrancou de mim descontrolado. Foi um beijo roubado. Queria provar-te. Sim, queria. O sabor da tua língua. Deslizar nos teus lábios molhados, trincar-te levezinho. Era só mesmo isso que eu queria. Beijar-te, de forma louca e incompreensível. Sem fugas ou receios, sem perguntas. Provocar-te com o roçar da pele, contornar a tua boca com a minha língua. Até que os teus lábios entregaram-se esventrados nos meus, quentes, húmidos. Carregados de insegurança e nervosismo, depois violentos e destemidos. Falámos beijos de lábios sedentos, pressionados pelas palavras proíbidas.