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«Há tanta, tanta gente neste mundo, todos à espera de qualquer coisa uns dos outros, e, contudo, irremediavelmente afastados« Haruki Murakami
«Esqueço o tempo. O tempo esquece-me. As palavras descem dos céus e banham-me. Lembro-me de ti. Enquanto escrevo, o tempo derrama a tinta da tua pele na folha vazia. E o meu peito que dantes ardia volta a ser teu. Só teu. O meu coração volta a ser teu. Poisa novamente nas tuas mãos para tu o abrires. Para tu o dilacerares. E então beijas-me. Os teus lábios são a folha de papel. E eu bebo o teu sal, o teu mel, lentamente, nos meus lábios gretados, nos meus olhos cerrados, eu vejo-te nos braços do vento a dançar para mim. E a noite não tem fim.(...) Esqueço o tempo. O tempo esquece-me em ti. Abraça-me nos teus laços apertados, na tua casa sem portas nem janelas. Sem paredes nem telhados. Abraça-me nesse tua casa cheia de sonhos mal fadados, onde eu tantas vezes sonhei. Onde eu teantas vezes me perdi, tantas vezes nos teus braços compridos e quentes me encontrei. Onde te amei. Onde te encontrei demoradamente no tempo. Como se ama sem se ver. E se cega de tanto olhar.(...).
Pedro Lucas in Contos da Casa da Imaginação