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«Há tanta, tanta gente neste mundo, todos à espera de qualquer coisa uns dos outros, e, contudo, irremediavelmente afastados« Haruki Murakami
Qualquer coisinha...estarei por aqui!
Sombreros, Margaritas, Tequillas Sunrise, Mojitos...tudoooo a que tenho direito :)
E nadar com os golfinhos! As crianças gostam...e nós também!
E glugluglugluglu....
See you...
Vou esquecer-me do tempo, não levo relógio... espero que o tempo também se esqueça um pouco de mim!
Vou de férias amanhã...
Vou para longe, a 9 h de vôo, com amigos e com os meus três homens (sim, os ninjas também vão!).
Confesso, estou a precisar muitooooo de uma certa distância física.
E como comprei a minha e-pen darei largas à escrita, no avião, na piscina, numa esplanada... a minha manta de retalhos começa a tomar forma, a unir-se as pontas soltas. Ao meu jeito desorganizado, começo a traçar um rumo na personagem principal. Ela ainda não tem um nome, nem um rosto, mas tem histórias embrulhadas num novelo de romances entre a paixão e a razão. Todos os personagens tropeçam na vida dela da forma mais imprevisível, porque o amor não se planeia, não se escolhe, nem nos bate à porta... ele acontece no momento e no local mais inesperado, da forma e intensidade com que nos predispusermos sentir. Para que ele aconteça, é preciso estar desperto para receber e é também importante saber e querer dar. Pretendo reflectir bastante sobre este assunto por lá.
João, Vasco, Pedro, Rui e Miguel, são os protagonistas. Porto, Lisboa e Nova Iorque são os locais. O enredo está na minha cabeça e em páginas que já estão a ganhar corpo. Sempre fiz poucos planos para mim, nunca tive uma ambição minha, mas hoje sei, com toda a certeza, que vou levar este projecto meu avante. Tão só porque me faz feliz escrever. Para vocês daqui que me lêem, vou colocando pedaços em bruto dos meus retalhos no blog gémeo: naminhacabeça.
OK... passando à parte interessante do post!! Actualizei a minha AVATAR para o ambiente de férias (ok, eu não sou assim magrinha...pronto!):
Levo na mala para o México:
5 vestidinhos para a noite (compridos da moda, e outros de alças curtos)
2 saias para usar com tops por estrear!
2 havaianas de cunha...(faço questão de andar sempre a uns centímetros do chão) e 2 sandálias de salto para a noite.
vestidinhos de praia, calções curtos e conjuntos de tops de alças
hum... bolsas... pouchetes de tiracolo que comprei na Segue
1 chapéu de abas largas (acho que lá vou encontrar uns quantos giros)
cadernos para escrever e desenhar!
Livros:
- "A Invenção de Morel" de Adolfo Bioy Casares (que já estou a ler)
- "O elefante evapora-se" - contos de Haruki (para não ter suadades dele!)
- "Nada mais feminino" de Louise Bagshawe, um história sobre uma mulher que não quer crescer (oferecido pela minha irmã que, by the way, dá aulas de psicologia e... bom, no comments...)
- "Antologia poética de Pablo Neruda" porque vou precisar para um dos personagens!
- "Ensaios de Amor" de Alain Botton para reler algumas partes, se precisar.
Enough!
Um eclipse é um evento astronómico que acontece quando um objecto celeste se move para a sombra de outro.
Fui ver o Eclipse este fim-de-semana, o 3º filme da saga Twilight.
Esquecendo o tema central do filme, vampiros e lobos e afins… continuo sem opinião firme sobre qual a paixão que me moveria, se o gelo ou o calor, o romantismo magnético e perturbador do vampiro ou a atracção carnal e fogosa do lobo…
Ok… eu prefiro o calor. As palavras do Edward são enternecedoras, os seus olhares perfuram-nos e rasgam-nos as entranhas, enfeitiçam, mas para mim a melhor frase do filme veio do Jacob:
“He's like a drug for you, Bella. I see that you can't live without him now. It's too late. But I would have been healthier for you. Not a drug; I would have been the air, the sun.”
E o que podemos querer mais da vida senão vivê-la, senti-la com tudo o que dela faz parte. O frio e o calor, o medo e a ansiedade, a calma e a aceleração frenética? Eu escolheria a vida, a uma eternidade ausente de calor.
Porque a ausência é isso mesmo, um ar gelado que nos abraça e conserva, petrifica a nossa alma por instantes eternos. Não nos deixa avançar. Esta ausência é como um eclipse, esconde-nos a vida, o sol, o ar para respirar, deixando-nos ao abandono perdidos numa escuridão vazia e impenetrável.
Aspectos físicos à parte.... Sim, eu escolhia o Lobo, caliente!
retalhos...
«Deixo aqui o que resta de mim para ti. Assim, rascunhado neste pedaço de papel arrancado de um caderno qualquer.
Não sei se te lembras da minha morada, se ainda tens a chave, nem se algum dia virás cá.
Mas se, por acaso, passares e encontrares esta carta, saberás que é para ti. Como uma espécie de despedida que aconteceu há muito e nunca aceitámos ou assumimos.
Neste momento, restam-me memórias de momentos em que me fizeste renascer de alguma forma que eu ainda desconheço, num misto de euforia e hesitação... nada corroi mais por dentro que resistir aos impulsos de uma paixão, e ter de deixa-la ir, resistir, desistir.
Como é que te sentes por ter ganho? Sempre foste melhor jogador, calculaste sempre pormenorizadamente cada jogada... tinhas o rei, a rainha e cavalos, e eu só tive peões, andei a pé, num ritmo lento. Tu estiveste sempre atento, jogavas bem.
Olho para trás e questiono-me se devia ter-te conhecido. Se devia ter-me sentado ao teu lado naquele dia e conversado contigo. Nem sei a partir de que momento penetraste no meu olhar de forma diferente, assim de rompante, e invadiste-me com um sorriso que me prendeu numa confusão entre a irritação e o desejo inebriante de estar contigo, falar, ver-te... tudo em nós foi uma enorme confusão. Não me descarto de responsabilidades, e eu sempre contrariei a razão. It takes two to tango, I know... Mas no meio de tudo não compreendo a tua indiferença, a hipocrisia, o fingimento e os pequenos golpes premeditados, calculistas, errados. Para quê se nunca gostaste de mim? Se o jogo nem tinha chegado ao fim e eu já estava no colchão, admiti logo que não tinha força para lutar. Porque te quiseste vingar? És assim tão diferente de mim?
Ainda assim, queimou-me a alma esquecer-te..., Não é todos os dias que nos apaixonamos por alguém, ainda que platónico, impossível, uma paixão deve ser vivida. Que sabor tem a vida sem paixão? Ambos sabíamos que depois de consumida ela correria o seu percurso natural e ía morrendo, esmorecendo aos poucos. Ambos sabíamos que não seria mais do que isso. E então? Porque fugiste?
O calendário é um pedaço de papel ingrato, com muitos números, e eu nunca te pedi nada, não te perguntei nada... porque nunca me enfrentaste? porque nunca disseste, nos meus olhos, o que sentiste quando te beijei de repente? O que pensavas enquanto esperavas sem saber se eu ía voltar? Porque me mostraste o teu mundo, a tua casa? Porque enrolaste o teu corpo no meu e deixaste o barco afundar? Porque fizeste apaixonar-me por ti? Como é que te sentes agora com a vitória? A vista é boa do alto do pódio? Que tal a fama, a glória?
Não vivemos numa ilha de esquerdinos, se a paixão por consumar pode durar com intensidade, o seu destino caminha derradeiramente para a desilusão. E eu desiludi-me. Demorou tempo, demasiado. Mas finalmente percebi que não há nada em ti para mim. E que afinal fajuto é um adjectivo que só e unicamente te assenta a ti.
A partir de hoje abrigo-me na Ilha do Silêncio. Pode
s ver-me, até raspar por acidente o corpo no meu , mas as palavras entre nós serão mudas, nau fragaram vazias de acção.»Um dia, se o mundo girar ao contrário, vou-te reencontrar naquele parque, à beira da estrada, de carros abandonados onde nos separámos.
Nesse dia, os olhares atrapalhados vão desembocar no beijo ileso, que ficou preso, amarrado ao verbo apetecer.
Se mudar o rumo, corro atrás do teu corpo que ondula abandonado por entre carros, testemunhas do desejo cego de orgulhos que nos separaram num ridículo corte fatal. E deixo soltar as palavras estancadas, de hemorragias que escorreram num percurso teatral.
Às vezes ainda penso em ti, e tenho a vontade de fazer o mundo girar. Para um lado ou para o outro, não importa. Que gire! E volte ao dia onde nos abandonámos por entre os olhares intimistas dos carros, cúmplices de uma despedida tortuosa, corrosiva, de corpos desmembrados de um abraço perfeito. Num só corpo encaixados, o teu batimento junto ao meu peito. Um ritmo acelerado, num compasso acompanhado pelo meu. No meio dos carros parados, os rostos vacilaram, como por destino, automaticamente para o mesmo lado. O teu e o meu. Atraíram-se, os lábios procuraram-se magneticamente. Ainda assim, impedimos aquele momento que era só seu. Se pudesse girar o tempo, naqueles segundos largados ao vento, deixava-os fazer amor, encaixava os meus lábios nos teus, sem vacilar. Mordiscava-os lentamente, saboreava-os sem pressa. O prazer de um beijo sempre foi isento de pensar.
O mundo girou, girou tanto, tantas vezes, cada vez mais para o lado errado e por tempo demais. Já não sei onde estás. Amargamente, despojei-te de mim e nem me lembro da última vez em que te vi.
Mas se um dia, o mundo girar ao contrário, e eu encontrar-te novamente nos meus braços, vou mostrar-te, sem orgulhos, o quanto gostei de ti.
inspired by http://clandestinidades.blogs.sapo.pt/143131.html!
Depois de 3 dias de festa e 4 bolos de aniversário!...(sim porque aqui somos como a raça cigana, um dia de festa é pouco!), tenho um Domingo caseiro, familiar e entregue à minha escrita... sabe bemmm!
E como sou muito old fashion e passo a vida a rascunhar em cadernos... pois já andámos a ver a "E-pen mobile" e esta tarde tentámos a novidade linda do Windows que nos disseram ontem, tchananan... Speech Recognition... UAU!
Pois que já estive para aqui a falar para o PC mais de meia-hora, para que ele se "habitue" à minha voz de rouxinol, para que a reconheça, tal e qual aqueles discos de vinil antigos para aprender a falar inglês à distância, assim estive eu a debitar disparates com o Tutorial.... "Start the text", "I was born in...bábláblá"... pois que tudo aquilo em inglês...
Foi uma boa forma de treinar a língua sim senhora, falar clear and loud, very good dictation...oh God...
Depois de tudo aquilo descobri que apenas tenho instalado a versão em inglês (e com a minha excelente pronuncia, saliente-se), terei de passar a escrever em inglês que, by the way... eu digo "live" e ele escreve "leave", "give up" ele escreve "get up"... pffff
Stupid things called...tecnology!
PS: My dear friend flying to Letónia right today... que ontem falaste desta bela ferramenta do windows... encontra lá um programa de download para português, sim??? é que aqui a "Je" gostou da ideia de não ter de dedilhar o teclado, ir para a cama mais cedinho...mas ainda não está a pensar em carreira internacional...get it?? !!
Hoje, dia 15, faz 5 anos que o meu segundo filho nasceu!
Os dias de aniversário dos meus filhos trazem-me sempre alegria (apesar das 4 festas, 4 bolos, compras, correrias... tenho sempre de pôr férias!!) mas são os dias tenho absoluta convicção de que TUDO vale a pena...
Ando casada, confesso letárgica, desmotivada e alienada (esta ultima então parece perfeita parecida com aliens)... ainda arranjava mais algum adjectivo bonito para compor a coisa, mas a cabeça está a estoirar.
Há alturas assim, costumo dizer que são fases lunares... em que nos apetece naufragar na vida, agarrar o que nos faz feliz, e deixar a boiar à deriva tudo o resto... eu estou assim! Apetece-me fechar num canto, hibernar um pouco, não pensar, não sentir.... assim meio robocop!
Provavelmente estou a precisar de férias, e já conto os dias para o México - Riviera Maya com os meus amigos, e o meu marido e filhos. Conto os dias...mesmo. Vou rodeada de livros e de cadernos para escrever... e estou certa que sairá de lá um retalho escaldante passado numa ilha das caraíbas... eu preferia Bora Bora... mas pronto!! Acho que a ilha Cozumel vai encher-me as medidas!
Até lá vou sobrevivendo ao cansaço físico e psicológico e tento viver um dia de cada vez. Sem correrias nem expecativas. Deixar correr ...
E pronto, vou mentalizar-me que toda a infantil quando eu aparecer com o bolo vai chamar-me de Momy que, by the way, pensam que é provavelente o meu nome.... E no Sábado festa desde as 10h da manhã até à noite... that's my life!
Invadiu-a uma vontade imensa de baralhar e voltar a dar.
Começar de novo o jogo, com outras cartas, novos trunfos.
Conhece-lo de novo. Ou melhor, conhece-lo. De verdade.
Deitar as cartas na mesa e, sem orgulhos ridículos (porque todos os orgulhos são estupidamente ridículos), jogar limpo, sem bluffs. Apenas pelo prazer de jogar.
Se ela pudesse voltava atrás, e nas cartas que jogava enfrentava o seu olhar, provocante, felino, inquietante, naquela tarde em que anoiteceu rápido demais. Numa jogada irreflectida, violava os seus lábios sequiosos, ali mesmo na areia junto ao mar. Foi ali a primeira vez que os desejou saborear. Ambiciosa, guardou os trunfos, num jogo rotineiro, cansativo, cujo desfecho não tardava a chegar.
Se tivesse oportunidade, baralhava, tudo de novo, sem questionar.
E naquela tarde desencontrada esquecia as regras do jogo, dos trunfos, dos azes, dos reis ou rainhas. Dizia-lhe que o sonhava há demasiado tempo e que os seus braços eram o local onde mais ansiava ancorar.
Se baralhasse de novo, voltava novamente atrás depois de o deixar. Mas já não inventava desculpas para justificar. Beijava-o outra vez de rompante, com a mesma paixão fulminante, mostrando as cartas que tinha na mão. "Desejo-te" gritava-lhe nos olhos supensos, e rendia-se aquele momento, híbrido de loucura e paixão. Repetia aquele beijo embaralhado, desajeitado e violento de quem não pensa em ganhar. Jogava apenas para aquela noite, baralhava e voltava a dar, outras cartas que resistissem a pensar. Se baralhasse, ficaria enrolada no seu corpo apetecido, abrigada como um foragido que não tem onde ficar. Despia-o por fora e por dentro, percorria-o num beijo demorado, lento, até o baralho acabar.
Se pudesse dar de novo, esquecia aquele jogo ridículo, já viciado antes de baralhar.
As cartas ficaram na mesa, tristes, perdidas, à espera que um deles volte a jogar.
Retalhos...
(...)
Tinha chegado um pouco mais cedo, ainda faltavam 15 minutos para a hora marcada. Sentia a sensação absurda de ansiedade, combinámos o “encontro” por telefone, como num blind date, de uma forma quase surreal.
- Olá, estou a falar com a Vera?
- Sim…
- Eu sou o vizinho da Carla, quer dizer, o ex-vizinho, … eu fiquei com o seu contacto para lhe entregar uma encomenda que ela estava à espera...
- sim, sim, o do 3º Dto, certo?
- Vasco.
- Certo, o do 3º Dto.
- Como queira, mas prefiro que me tratem por Vasco.
- Ai, desculpe, não era isso que queria dizer… a Carla contou-me sim, que estava à espera de uma encomenda… já chegou foi?
- Sim, tenho aqui uma caixa em nome dela, penso que seja isto. Como posso entregar-lhe?
- Humm… eu trabalho em Paço de Arcos, fica longe para si?
- Sim, fica completamente…eu estou o dia todo em Lisboa…
"Que simpático"pensei um ranger de dentes.
- Então, não faz mal. Eu vou ter consigo a Lisboa, mas tem de ser ao fim do dia, pode ser?
- Depende. Eu trabalho até às 21h30, só se combinarmos num bar aqui perto do meu trabalho.
"Cada vez mais simpático" espumava internamente.
- Num bar? Pode ser… e onde é esse bar?
- No Bairro Alto, chama-se Nuts e é na Rua da Vitória. Conhece?
- Não, mas não se preocupe, eu chego lá. Pode ser esta 5ªfeira?
- Combinado então. Às 22h.Até 5ª!
E desligou. Assim, na minha cara. Nem tive tempo de perguntar como ele era nem como o iria reconher… Telefonei à Carla, tinha mudado para Londres há duas semanas, e pedi-lhe uma descrição física do seu simpático e prestável vizinho… “não é loiro nem moreno, nem alto nem baixo, tem um ar assim… não sei, meio estranho... mas é educado! … Sei lá…tem sempre a camisa aberta e por fora amarrotada, calças sem bainha a roçar o chão…tem ar de artista, sim, acho que é isso, dá aulas de qualquer coisa relacionada com arte”. Não ajudou muito, na verdade ainda contribuiu mais para eu não ter qualquer vontade de me encontrar com ele. Mas lá fui. Numa 5ª feira à noite saí do conforto da minha casa, onde devorava séries americanas no sofá junto à lareira, para a rua gelada de uma noite de Novembro.
Estava numa fase introspectiva. Não queria conhecer ninguém, nem queria ninguém na minha vida. A relação com o Pedro tinha-me deixado marcas que precisavam de sarar numa espécie de solidão forçada. De alguma forma sentia que precisava de me encontrar. Compreender-me, para então poder compreender e aceitar novamente alguém. Decidi que nesse Inverno iria hibernar, só saía para aniversários e o mínimo possível de eventos sociais.
Como por destino, lá estava eu, naquela 5ª feira à noite, sozinha num bar desconhecido a beber um Gin Tónico e sem fazer a mínima ideia de como seria a criatura que iria aparecer-me pela frente. “Pelo menos deveria transportar uma caixa debaixo do braço, talvez assim seria fácil de reconhecê-lo”, pensei.
Estava a viajar pela música quando o toque do meu telemóvel fez-me dar um salto. Vasculhei na minha mala, e é só nestas ocasiões em que não conseguimos encontrar o que procuramos é que nos apercebemos que é demasiado grande, quando ele parou de tocar. Foi nessa altura que apareceste na minha frente como num filme de cinema.
- Olá, eu sou o 3º Dto, posso me sentar?
Não consegui esconder um sorriso embaraçado, tirei a mala de cima do sofá e acenei.
Trazias umas calças largas de ganga russa e uma camisa em tons castanhos por fora. E por cima apenas um blusão de cabedal preto. O cabelo era de facto despenteado, num ondulado castanho-claro, com jeitos que pareciam nem tentar ser domados com um pente. Tive a certeza que o fazias com os dedos.
Pediste um Gin com
limão para me acompanhar e perguntaste o que achava do bar.- Simpático, acolhedor… não percebo muito de música mas estou a gostar.
- Toca-se vários estilos. Agora é Jazz. O bar é de um amigo meu. Ajudei-o a montar o espaço, e pintei os quadros que estão por aqui - e apontaste para um corredor estreito re
pleto de telas.- Pintor, portanto?
Riste-te e abanaste a cabeça, furando a rodela de limão com uma colher de pé alto.
- Sou um arquitecto free-lancer explorado, professor de Desenho em horário pós-laboral e pinto por prazer.
Não pude deixar de simpatizar contigo, com a brutal e humilde sinceridade. Fisicamente não tinhas de facto nada de especial, nenhum traço evidente e atraente, olhos e cabelos castanhos, pele clara, já com algumas rugas de expressão na testa. “Tinhas talvez perto de 40 anos”, pensei…mas eras absolutamente normal. Contudo havia em ti algo que me fez olhar com mais atenção, Acho que eram as mãos, a maneira como falavas com elas. Compridas, de dedos esguios e bem cuidados. Elas pareciam falar também, dançando ao som das palavras.
A primeira vez, puxaste-me para ver de perto um quadro. Seguraste-me a mão como se fosse uma criança e não tive reacção senão acompanhar-te.
- Vou mostrar-te o meu preferido – e levaste-me por entre as mesas do bar.
No fim do corredor estava uma tela quadrada, talvez 90x90cm, com traços e relevos irregulares, “provavelmente uma mistura de técnicas”, pensei. À primeira vista parecia-me um jogo de sombras abstracto.
- O que vês? – Os teus olhos brilhavam de uma forma que até então desconhecia.
- Ahh… não sei bem… - Hesitei nervosa.
- Vê com atenção, podes tocar - E foi en
tão que por trás de mim tapaste-me os olhos com uma mão e com a outra agarraste na minha mão esquerda e seguraste-a contra a tela . Nunca consegui esquecer aquele momento mágico, onde a pele suave das tuas mãos nos meus olhos fechados contrastava com o rugoso da tela que tocava ondulando com a tua mão por cima da minha.
- O que viste? – Perguntaste novamente, destapando-me os olhos e largando-me a mão.
- Pele, pele suave. – Saiu-me assim sem pensar.
teu peito colado às minhas costas e a tua respiração junto ao meu pescoço.
Contemplaste-me por minutos que pareceram eternos.
- É isso mesmo. São corpos deitados, vestidos apenas de pele - sorriste deixando-me espantada com a minha capacidade de apreciação artística.
(...)
Hoje vou escrever sobre mim...pode ser??
É que acabei o meu curso de escrita hoje e já estou com saudades (ok, já estou inscrita no curso Avançado anual que começa em Outubro!!)... e na verdade tenho de entregar um trabalho final sobre um dos trabalhos que já fiz, mas desenvolve-lo mais... o professor insiste para o conto do lobisomen, que tem muito potencial assim num misto viagens-terror... Ainda hoje estou para saber de onde tirei aquela ideia absurda... mas pronto, give up, lá dou por mim a pesquisar coisas horrendas sobre lobisomens.. E era o que faltava para aprimorar a minha cultura geral "filho, não sei o nome dos reis portugueses, nem as capitais da Europa, nem os nomes dos nossos ministros, mas sei tudo sobre lobisomens...". Just me!
E no rodopio da minha vida, hoje visitei um bébé lindo, que sinto um bocadinho meu (sorry buddys, não no sentido efectivo da coisa, claro!!...), e no regresso andei meio perdida na maternidade... quem diria?? E só pensava que ali nasciam "vidas" e em como é bom "nascer", começar algo do zero, como uma parede branca pronta para ser salpicada de cores, como um piano ansioso pelos dedos mágicos capazes de nos embalar numa melodia... Começar um sonho com a paixão e o fulgor da 1ª vez. Sim, senti o aroma da felicidade e fiquei contagiada (já tenho um capítulo nos meus "Retalhos" passado em...guess what?? Soho- NYC !! Váaaa).
A vida é feita de momentos, não tenho qualquer dúvida, e por isso os planos a longo prazo não me interessam para além do essencial...vivo o presente. Afasto os momentos negativos, abraço os que me fazem feliz e os que consigo também fazer feliz alguém.
E rodeio-me de histórias que invento (não é de hoje, sempre fui uma "inventora de histórias" apenas agora dedico-me mais seriamente a elas)... e a cada dia surgem-me ideias para mais histórias de encontros e desencontros, de vidas atropeladas por cilindros gigantes de egoísmos, inseguranças, orgulhos e fraquezas... assim é o mundo complicado lá fora...
Nos meus Retalhos choco numa esquina com uns olhos cor de mel, uma paixão da juventude, divertido e original, que hoje é um ser triste que vive um casamento à beira do esgotamento; conheço à força um ex-vizinho de uma amiga, um desgrenhado arquitecto e professor de desenho, que pinta por paixão, e as suas mãos tocam como numa dança, sensuais, ao som das suas palavras; depois há uma paixão fulminante em Soho, com um empregado de mesa desligado da vida e de compromissos, que canta à noite num bar embriagando-me com a voz que susurra aos meus ouvidos; um divorciado pela segunda vez que bate no meu carro e arrogante e convencido, diz que paga se eu aceitar jantar com ele...(eheh!!) este é fisicamente magnético, intelectualmente repulsivo, mas os seus beijos deixam um sabor insaciável a mar salgado, selvagem e agressivo,... e há mais!! Working...
Enquanto crio estas histórias, desfaço-me de outras... como diria um escritor, que não me lembro o nome, "mato os fantasmas que há em mim", liberto-me do que me faz infeliz, como uma cobra que vai largando a pele. Largo aos poucos algumas desilusões, desejos insatisfeitos, sonhos enterrados... o que importa é fazer algo que nos faz feliz, mesmo que aos outros pareça insano, ridiculo e insignificante. Sempre gostei de gente estranha... não me estranhem neste post!