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«Há tanta, tanta gente neste mundo, todos à espera de qualquer coisa uns dos outros, e, contudo, irremediavelmente afastados« Haruki Murakami
Nunca tive nada que fosse meu. Não procurei, não quis saber. Tudo o que fiz foi só viver, um dia e outro de cada vez.
Talvez por isso nunca encontrei, aquilo que procuram e eu nunca encontrei. Se é importante, juro que não sei. Nunca encontrei, nem quis saber.
Nunca tive nada, mas sempre amei. De abraços abertos nas tempestades, corri o mundo, neguei verdades. Eu juro que nunca sequer pensei, sobre aquilo que eu nunca encontrei.
Segui o instinto e ignorei a razão, essa foi sempre a sensação. Nunca ganhei, mas já perdi, nunca encontrei o que persegui.
Nunca pensei ir mais alem, o amanhã nunca mais vem, o hoje é tudo e eu sempre quis mais. O amanhã fugiu para o cais. Embarcou algures em parte incerta, e sei que anda a navegar, aquilo que eu nunca encontrei, aquilo que não vou procurar.
Carrego sempre os meus fantasmas, aqueles que já não vão fugir, que me escutam e não questionam, tudo o que falo eles vão ouvir.
Com eles persigo em passos rápidos, aquele momento dos abraços, de beijos roubados sem arrependimento, o olhar fixo e o sorriso rasgado. Nunca foi meu, nem um bocado.
Foi como o vento que rodopia, as hélices de um moinho antigo. Num dia calmo, a meu lado, voaste para longe do meu abrigo.
Eu nunca te procurei neste mar alto, nunca mais fui ter contigo.
Agora és também um fantasma, que me acompanha sem saber, que me acalma ou exalta, faço-te o que me apetecer. Shiuu não posso dizer.
Neste mundo de fantasmas, eu não preciso de ter nada. Caminho sempre acompanhada, por aquilo que nunca me pertenceu. Nunca tive nada que fosse meu. Nunca quis ser mais do que eu.