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«Há tanta, tanta gente neste mundo, todos à espera de qualquer coisa uns dos outros, e, contudo, irremediavelmente afastados« Haruki Murakami
Na paisagem dos meus sentidos
Já não te consigo encontrar
és um rosto invisível
um corpo inacessível
impossível de tocar
Na paisagem dos meus sentidos
Onde te escondes sozinho
ouvi com os olhos a tua voz
no silêncio que há entre nós
as palavras ecoam baixinho
Na paisagem dos meus sentidos
Onde um dia me perdi
Caminho num jogo de espelhos
e já rastejei de joelhos
numa desesperada ânsia de ti
Na paisagem dos meus sentidos
Que um dia pintei para mim
Com a aroma quente do por-do-sol
O marulhar do mar num farol
e a paixão sem princípio nem fim
Na paisagem dos meus sentidos
enterrei-te vivo, numa sombra por ali
apaguei-te da minha memória
Recorda apenas quem tem história
E eu nunca te conheci
Essa paisagem sem sentidos
Mergulha-me por vezes na ilusão
do esquivo olhar que já me sorrio
mas que hoje dorme num apagão frio
De palavras-fantasma no chão.