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Eu - Aspirina

por Closet, em 10.04.10

Estou a fazer um novo curso de escrita criativa... há quem vá ao ginásio, há quem vá correr, há quem não faça nada... eu ando numa de cursos de escrita, pronto! é um facto que não fico com o físico torneado...pfff... mas a cabecinha voa!

Na 1ª aula treinámos olhar sobre outro ponto de vista, e já tenho um belo trabalho para fazer de uma página sobre "uma vida de vidro" - tenho de imaginar que sou um copo... onde estou, como sou, o que faço, penso e sinto...whatever... confesso que ando a olhar para vários copos cá em casa, nos cafés.. para ver se me inspiram... sei lá... se em alguma encarnação possa ter sido um deles e me reconheça...confesso que o mais parecido que encontro é um copo túlipa de Bohémia!! Logo se vê o que sai!

 

Para treinarmos na aula fizemos m textinho em 10 minutos sobre "uma aspirina efervescente que vai mergulhar num copo"... just it, o que ela pensava e o que sentia. Pois que nunca tinha pensado nisso... e prometo na próxima vez que recorrer a uma sra. aspirina olhar bem para ela e perguntar-lhe "olha lá? o que pensas? o que sentes? queres mergulhar de cabeça ou de pés?...ahh não tens disso... pois... então... queres falar antes um bocadinho???" eheh crazy me :)

 

Aqui fica a doideira...

 

ASPIRINA - EU???

 

«Achei que não ía aguentar aquele aperto muito mais tempo. Aquela maldita falta de ar, comprimida, sem espaço.
Estava já nauseada com o baloiçar irritante da mala, de ser constantementa esmagada por um frasco de perfume que embatia contra mim.
Foi com um alívio enorme que naquele dia ela decidiu libertar-me. Abriu-me a porta com as suas mãos esguias de unhas compridas irrepreensivelmente pintadas de vermelho claro. A minha nudez não pareceu incomoda-la, ainda que me senti tímida assim despida, completamente branca a ser pressionada entre os seus dedos. Estava um sol maravilhoso e ao longe ouvi o barulho do mar.
De repente ela largou-me. Caí. 

Um susto enorme. Onde iria? Mas a emoção disparou também uma inebriante sensação de liberdade que se apoderou de mim. Foi um salto magnífico, em queda livre, brilhante... nunca tinha experimentado nada assim. Terminei com um mergulho exemplar numa piscina de água cristalina. Onde a frescura da água na minha pele agitou aquele mar como uma explosão incontida. Num frenesim de loucura sacudi-me, em gritos roucos, emergi à tona de água calma, devagarinho. Aos poucos comecei a perder toda aquela força e vitalidade... perdi-me de mim. Será que mergulhar de cabeça é assim?
Oiço-os dizerem que me fundi com a água, transformei-me... que desapareci. Enganam-se, os ignorantes coitados, eu não estaria agora a falar aqui. A forma que tenho não me interessa para nada, sei que existo na cabeça de quem precisou de mim.»

 

 

 

 

Ilustração do meu amigo Nuno Lema :) Thanks! Aspirina smile :)

publicado às 22:41


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