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Fábrica de Histórias

por Closet, em 07.03.10

Quando o Amor acaba

 

 

Quando o amor acaba

Acaba tudo.

As expressões do rosto, os gestos, o brilho do olhar.

Acaba o encantamento que perturba a alma.

A vontade incontrolável de te beijar.

Acabam as recordações de conversas embrulhadas,

Do sorriso rasgado e as cumplicidades a dois.

É quando o amor acaba

que tudo desaparece, num ápice arrepiante.

A vontade desesperada de te ver,

Aquele desejo viciante

De falar contigo sobre um tudo-nada sem parar.

Só mesmo... falar.

A loucura de prender-me nos teus braços,

Enreda-los à minha volta numa teia

Dar-lhes nós, laços

E seguir os teus olhos colados aos meus.

Quando acaba. Não resta nada.

Das mãos que deslizaram sobre as minhas

Percorrendo-me com a suavidade de um deus,

Do meu corpo enfeitiçado, descontrolado, infiel

Do mordiscar dos lábios, com sabor a mel.

Ainda pergunto, em horas embriagadas,

Como deixámos tudo acabar?

Se foste tu ou eu?

Mas já não interessa para nada.

Quando o amor acaba, acaba.

Deixamos de dormir de noite,

Por um tempo interminável, assustador.

O vazio que afaga os meus braços

O silêncio incómodo do sorriso a desvanecer,

A ironia das palavras inacabadas, abandonadas.

Quando o amor acaba,

Alguém tem de perder.

Eu procuro, deambulando, pedaços de vida

que deixei espalhada em becos onde me perdi.

Numa rua escura, incerta, inebriada pelo sonho que vivi

Procuro-te agora com uma estranha calma

Mas só  vejo um vulto, de costas,

De frente, não há nada. Não tem rosto nem alma.

Acabou de morrer.

Percebo que é mesmo assim.

Quando o amor acaba

acaba tudo, deixamos de ver.

 

Texto escrito para a Fábrica de Histórias

 

publicado às 22:24


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