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«Há tanta, tanta gente neste mundo, todos à espera de qualquer coisa uns dos outros, e, contudo, irremediavelmente afastados« Haruki Murakami
"O sonho é a nossa prática quotidiana da loucura. No momento de enlouquecer diremos: «Este mundo é-me familiar. Visitei-o quase todas as noites da minha vida». Por isso quando julgamos dormir e estamos acordados, sentimos uma vertigem na razão." in Quem ama, odeia de Silvina Ocampo & Adolfo Bioycasares.
Esta frase aparece assim no meio do livro como de para-quedas, num romance policial (se assim se pode chamar) que apenas comprei por curiosidade pelo autor...
Mas ficou-me esta frase... talvez porque me fez todo o sentido.
Há uma espécie de dever em mim de sonhar, como diz Fernando Pessoa, acho mesmo que é essa capacidade que tenho que me mantém "em pé" e impulsiona a andar em frente. Raramente desisto, apenas vou acrescentado novos sonhos, alterando pormenores à história. De uma desilusão passo rapidamente para um "e se..." e lá vem outro sonho acordado, outra loucura divina que apagará a desilusão e, no devaneio me coloca novamente um sorriso de esperança no rosto...
O dia-a-dia não me basta. A realidade é demasiado limitada e pobre. E há tanta coisa que poderia acontecer "se...". Mais que chorar as mágoas, eu sempre conjecturei, como uma aranha que tece diariamente a sua teia, fios de possibilidades, que não são mais que sonhos, a maioria das vezes impossiveis, loucos. Mas, mesmo sofrendo constantemente de vertigens da razão, não tenho dúvdas. Sonhar acordado é preciso.