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«Há tanta, tanta gente neste mundo, todos à espera de qualquer coisa uns dos outros, e, contudo, irremediavelmente afastados« Haruki Murakami
Gosto da noite, confesso...não que acredite que tudo vai mudar assim numa noite...mas just in case, arrisco uns desejos!
Ainda não pensei muito neles, logo se vê! Ideias não me hão-de faltar!!!
Vou estar com amigos, cantar, dançar e os meus ninjas ficarão a fazer as delicias da família!
Como prometido aqui fica o vestido que já já irei vestir..(oh God...estou atrasada...) just for you!
By the way...levarei um casaquinho...
FELIZ ANO NOVO! Façam o favor de entrar em 2010 com o pé direito...e com o esquerdo também, convém!!
"Por vezes o destino é como uma pequena tempestade de areia que não pára de mudar e direcção. Tu mudas de rumo, mas a tempestade de areia vai atrás de ti. Voltas a mudar de direcção, mas a tempestade persegue-te, seguindo-te no teu encalço. Isto acontece uma vez ou outra, como uma espécie de dança maldita com a morte ao amanhecer. Porquê? Porque esta tempestade não é uma coisa que tenha surgido do nada, sem nada que ver contigo. Esta tempestade és tu. Algo que está dentro de ti." Haruki Murakami em Kafka à beira-mar
E assim chega ao fim mais um ano, para mim foi um ano violento, diria mesmo com tsunamis!
Páro um pouco e penso em cada uma das tempestades que me assolaram, como as ultrapassei, ou ainda estou a ultrapassar, aquelas que me causaram danos e as que ainda me estremecem as pernas quando tento avançar...
Há de facto tempestades que apenas residem em nós. Temos de saber fechar os olhos, tapar os ouvidos e, passo a passo, atravessa-la de uma ponta a outra. Sem mapas, nem bussolas, como estranhos solitários que atravessam um deserto sem noção do tempo ou qualquer orientação. Mergulham nele com a unica crença que o caminho é por ali. E seguem em frente, por intuição.
Dos estragos, recolhem-se os ramos das árvores devastadas, levantam-se as cercas, reconstroem-se telhados... começa-se tudo de novo, com a alma limpa pelas chuvas fortes, com a paz de não ter nada mais a temer e a consciência tranquila de ter lutado o máximo. Depois, há o silêncio inebriante que sucede a uma tempestade. Recomeçamos, sempre, mesmo que seja do zero, sempre que houver chão para pisar. Porque queremos viver e não apenas... sobreviver.
Para os meus amigos que me seguem por aqui, fica desde já um beijnho por me terem ajudado a ultrapassar aqui algumas tempestades. E claro à Blogoesfera, queridas Mafalda, 'Na, Miuda, Margot, Cloudy (já deves ter tido o bébé!!), Reflexos, UmdiadepoisdoOutro, MissG, Sindarin, Lara, Cobradeira e Lovenox, Princesa de Canela...e outros tantos ilustres "conhecidos e desconhecidos" whatever it means... um feliz 2010.
Prometo um post divertido ainda durante o dia 31!
Com direito a foto da toilette de reveillon!
O Natal já passou, com o Pai Natal a brindar-nos com a sua visita (para delírio do meu caçula)...e depois mais festas de aniversário...(e amanhã ainda tenho outra!)...e já estamos quase em 2010... como o tempo corre....
No meio das festas queria aproveitar esta semana para ler uns livros...pronto, já ficava contente com um...que ando a namora-lo na estante desde os meus anos...mas pela espessura não dá para ler no comboio... entretanto enfiei na cabeça que ía ler o livro da Margarida Rebelo Pinto que me ofereceram "O dia em que te esqueci" e... bem... não gosto de criticar...mas confesso, não estou a aguentar com tanto drama... acho que vou deixa-lo poisar um pouquinho... e abraçar novamente o meu Haruki que me chama!
Mas como em tudo eu procuro o lado positivo...encontei por lá uma frase que gostei particularmente:
"Uma das melhores coisas da vida é que ela muda. Nem sempre muda quando queremos ou como desejamos, mas muda. (..) E o mais importante não é aquilo que vivemos, mas aquilo em que acreditamos" .
E eu não acredito que haja "um dia" para esquecer alguém. Muito menos se a pessoa nos invadiu o coração, ainda que por breves momentos, ainda que por motivos de incompreensível loucura. A memória é traiçoeira, ela própria encarrega-se de decidir quando vai passar à frente, e por mais que a queiramos enganar, ela vence-nos sempre! Às vezes nunca se esquece, simplesmente passa-se por cima e habituamo-nos a conviver com isso.
Acredito que na "guerra" de amores, não há vencedores nem vencidos. Talvez só haja mesmo feridos, uns mais visíveis que outros, uns queixosos com aparatosas ligaduras, outros querem passar despercebidos mas têm hematomas enormes escondidos, tapados debaixo de uma capa vistosa de orgulho...
Mas se todos sofrem ou já sofreram por amor, estou convicta que "ninguém morre de amor", e depois do fracasso da minha Carta de Desamor...nem me apetece mais tragédias...venha 2010, cheio e amor e coisas boas! Pessoas transparentes, positivas, impulsivas, honestas, principalmente consigo próprias...porque para amar é sempre preciso a pessoa se libertar das correntes enormes que ancoram o medo de se dar, de ser rejeitado, de cair, de perder... esquecem-se que só conquista, quem luta para vencer!
Sorry, Margarida...continuarei o livro noutra altura da minha vida...not now...
Assim será o meu dia... em casa quentinha a fazer quilos e quilos de Fatias douradas para estes dois dias! ADORO!
Logo será junto da família, com a sorte dos meus filhos ainda terem 3 bisavós maravilhosos junto deles... e com a visita do Pai Natal que pontualmente lhes traz alguns dos (muitos) presentinhos que pediram!!
Amanhã mais um almoço e um jantar de família, já com algumas naves Stars Wars à mistura e mais vulcões de Gormitis e Bukagans whatever atrás... estamos com toda a família mais próxima, porque o Natal é isso mesmo. E é esse o sabor das Fatias Douradas que faço: Amor.
Para todos vocês meus amigos, que me conhecem o rosto e/ou a alma, desejo que provem um pouco das minhas Fatias Douradas (Rabanas para a as minhas amigas do Norte!) e tenham um DOCE NATAL junto de quem mais amam.
O que alguns chamam de loucura eu considero a minha capacidade de fugir dela, de me salvar do imenso desassossego da rotina, de me libertar das limitações constantes da vida, da prisão do tempo e do espaço....
Confesso que às vezes sinto que ninguém me compreendo, remo contra a maré, e os que me aceitam como sou é porque realmente pensam "vai passar"... Mas não passa. Eu sou assim.
Vou continuar a acreditar que há pessoas que, mesmo nunca tendo visto, conheço melhor que outras que passam por mim todos os dias, estão ali perto ao meu lado. Só porque lhes conheço o rosto, a roupa que vestem, a maneira de andar.... e então?? Para que serve tudo isso, onde é que isso me faz conhecer alguém?? Tão pouco lhes sei o que vai na alma... nem lhes passa pela cabeça o que vai na minha....
Existem "estranhos" que gostam mais de mim que muitos que me cumprimentam todos os dias, e muitos deles falam comigo simplesmente porque gostam de falar comigo, sobre tudo, sobre nada, só pelo prazer de falar, sem segundas intenções. Há pessoas assim, tenho a certeza. O resto não me interessa para nada...
Há tanta gente que eu penso que conheço, com quem partilho a minha vida, até admiro....e depois descubro em colapso que ... afinal não existe, não quer saber de mim para nada... porque é que não hei-de confiar em estranhos que, por alguma razão que não questiono, "acompanham-me", ficam por perto sem me pedir nada em troca?? todos nós temos um estranho em nós, por vezes mais bonito do que aquele "personagem" que teimamos representar... Há estranhos que devemos deixar "entrar".
Depois há aquelas pessoas que conhecemos um pouco e gostamos... mas que tomam novos rumos, ficamos com um aperto porque pensamos que a perdemos... hoje foi embora um colegada nossa empresa... não era um estranho, muito pelo contrário, é um amigo... mas é estranho pensar que amanhã já não o vou lá encontrar...
Fica aqui a musica que ele gosta a tocar...
Depois de um fim de samana de...festas...sim, este mês é mesmo non-stop e para juntar aos nossos aniversários e compromissos, junta-se a vida social dos fihos...ehehe... como se diz, "quem sai aos seus"...
Anyway....mais 3 dias e só trabalho para o ano...isto soa-me maravilhosamente bem!
O meu cursinho de escrita está a terminar...só falta uma aula... e, tal como esperava, a coisa não correu bem na Declaração de Desamor...wonder why??!! Não que isto seja importante para mim, adoro mesmo é estar nas aulas, mas definitivamente convenço-me que não sei "transmitir" desamor, I guess... e ainda bem! Por mais pesquisas que fiz sobre o conceito de"desamor" fiquei sem perceber de facto o que significava... :S
O sentimento que conheço mais parecido é talvez a desilusão... pessoas que nos decepcionam... que julgamos um geodo recheado de pedras preciosas brilhantes...e quando abrimos deparamo-nos, a determinada altura, mais cedo ou mais tarde, às vezes tarde demais, que não passam de rochas ocas...
Acho que é mais ou menos isto:
"As miragens são todas aquelas pessoas que, sempre que as imaginávamos capazes de nos tornarem mais simples e mais compreensíveis, nos decepcionaram. É por isso que as miragens nunca acontecem por influencia da luz do Sol, quando o olhamos de frente. Só muito mais tarde descobrimos que as miragens nascem e crescem presas às pessoas que, em vez de janelas de simplicidade, criam labirintos no nosso coração. E nos levam a reparar, sempre que olhamos para trás, que - em vez de transparência - surge opacidade.
Uma miragem e tudo aquilo que, no lugar de pessoas luminosas, cresce sob a forma de vultos, de penumbras, e com um insustentável sentimento de estranheza. Porque, com a ilusão de haver quem nos conheça as miragens dão-nos quase tudo o que nos faz falta. Menos o que só o amor e o reconhecimento transformam numa janela de simplicidade." Eduardo Sá
Já tive decepções assim, de amizade, de família, de amores...quem não teve?? Felizmente acho que as posso contar pelos dedos das mãos...e, em nenhuma, guardo sentimentos de rancor... "arrumo-as" numa caixinha que escondo lá para o fundo de um armário, passam de "amigos" a "multidão" e por isso perco-os de vista, e quando isso não é possível, torno-as transparentes, passam por mim invisíveis... é uma forma de reagir, I guess...
Anyway...tive alguns pedidos, e mesmo sendo uma péssima declaração de desamor... aqui fica publicado a minha ultima tentativa na matéria... (pode ser que aprenda qualquer coisa com o livro da Margarida "O dia em que te esqueci", que só vou lê-lo porque foi um presente especial...pffff !!)
"Amor, escrevo-te para dizer que parti.
Tenho esperado tanto. Sinto o corpo dormente de desilusão, dos gestos ausentes, incompreensíveis, das miragens de paixão.
Preciso de acordar deste sonho antigo, que me persegue, como o pior inimigo.
Sabes, como naquele filme onde ele acorda todos os dias, e é sempre o mesmo dia, repete-se sem parar? Assim estou eu, a adormecer e a acordar.
Revivo diariamente aquela noite em que cheguei a casa de madrugada e confusa pensei… o que foi que fiz? Remexi os lençóis intactos e vi que não estive ali. Nessa noite fui sequestrada, num tiro certeiro, embriagada, pelos teus olhos que incendiarem os meus. De uma chama vazia fiz fogo que nunca ardeu. Fui envenenada pelo perfume da tua pele e o sabor letal do teu toque. Não sei explicar o que aconteceu. Quebrei. Errei? Sei que naufraguei. Mas não suportaria a solidão de não ser eu.
Quis-te ardentemente, como uma toxicodependente. O calor dos teus lábios, o sorriso do teu olhar. Contigo voltei a voar. Inebriada, desejei aquele beijo roubado. Só queria ficar do teu lado. Na mudez dos teus braços quentes. Envolventes. Não trocaria nada por aquele momento, não mudaria o que tive ali. Tudo o que quis foi viver um pouco de ti. E no entanto, hoje penso triste, que não consegui.
A paixão retém a alma, dói. Corta por dentro, rasga, corrói. É melhor que saibas, a paixão destrói, num escalpe lento, numa espécie de auto-mutilação, como um buraco cá dentro em constante erupção.
Tu aprisionaste-me numa ilha deslumbrante, envolta em fantasia. Um lugar de gente livre, que vive para amar, sem pensar. Eu julguei, ingénua, que te ía encontrar.
E corri desenfreada, deambulei alienada, por entre gente linda, inocente. É evidente, que não via mais nada… porque entre nós, há uma imensa estrada.
Apenas Eu e Tu, dois pólos opostos, gelados, distantes.
O Nós perdeu-se num tempo e num espaço, num labirinto de vidro baço. Escuro, intransponível como um muro.
E eu continuei na areia sentada, a ver os barcos a passar. Ao longe os rostos radiantes acenavam-me, eu via-os, indiferente, nunca quis embarcar. Porque amar-te fazia-me sonhar.
Hoje, com a cabeça em maresia, acordei e sacudi o pó que me envolvia, e descobrir o quanto estou só. Talvez porque o fio que tenho agarrado cegamente terminou num nó. Apertado. Impossível de desatar. Para seguir em frente tenho de o cortar.
Deixo-te, então, esta carta para que saibas que parti e não vou voltar."
"O amor não é bem um encontro de verdades. É melhor! É confiarmos a alguém e entregar, pela mão dos olhos dele, o nosso olhar ao desconhecido, guiados pela esperança de vir até nós um «infinito de nós dois»."
Hoje esteve muito frio. Por isso...na azáfama habitual de sair de casa com os miúdos ainda me lembrei de levar-lhes um gorro "sim, porque deixo o carro num parque perto do colégio e e ainda temos de ir a pé um bocadinho"... Cheguei ao parque, já em contra-relógio, como sempre, e disse para trás "ponham os gorros" e ao abrir a porta de trás deparo-me com os dois de gorro na cabeça mas só com a bata vestida...qual casaco?? "para dentro, já, está frio" gritei aflita e toca a enfiá-los no carro e a tentar, no meu super-mega-tecnológico telemóvel touchscreen, ligar para o meu marido que ainda tinha ficado em casa... o coitado lá teve de voltar para trás a buscar os casacos para deixar na escola e eu deixei-os à porta depois de um ralhete ao mais velho "tens de te lembrar de trazer o casaco.. agora.não vais para o recreio"...ele desata a chorar que queria ir brincar, claro..."ok, pronto, vai, mas corre filho, corre para não teres frio" e lá desdisse tudo... que nódoa... e lá fui outra vez deixar o carro no parque rosnando esta minha capacidade inata de despistanço e ainda por cima de ter dado o ralhete na criança de 8 anos..."queria lá ele saber do casaco? tinha era na mão a bola saltitona que tinha trazido emprestada do amigo"... confesso, que passei o dia num aperto e só descansei quando cheguei a casa e lhe disse que ele não tinha culpa nenhuma, que eu é que me tinha esquecido do casaco...
Ser mãe não é fácil...somos muitas vezes demasiadas exigentes, injustas... não sei sequer qual a poção mágica para não errar... mas no meio dos meus (muitos) erros, penso neles, analiso-os, e tento compreender-me para explicar-me depois aos meus filhos... acho que é um começo.
Uma pessoa que eu adoro vai ser mãe, uma mãe excelente, não tenho dúvidas, mas está naturalmente apavorada...so what? O desconhecido assusta!
Tenho lido umas crónicas de Eduardo Sá que me têm "tocado" também sobre este tema e acho que consigo aqui reunir uns pedacinhos que, para mim (e o autor que me perdoe o mix) fazem todo o sentido para o desejo-pavor de ser Mãe.
"Muitas pessoas transformam a vida num espantalho. De cada vez que espantam os medos ficam mais presas a eles. É por isso que sendo grandes, se sentem (por dentro) desamparadas. Mais ainda, porque já perceberam que amar é sermos pequeninos (aliás amar é podermos (...) ser de colo outra vez)."
É dificil crescer, deixar de ser "a filha", passar a ser "a mãe", deixar de "ter o colo" para passar a "ser o colo"... eu sei!
Talvez por isso "Muitas pessoas receiam desenhar um rumo para aquilo que desejam. Parecem sentir a vida como um barco sem leme, por não terem quem, olhando consigo, faça de farol e de horizonte ao mesmo tempo, tornando os sonhos navegáveis e dando novos mundos a todos os desejos".
Um filho muda a nossa vida, muda-lhes o rumo,muda-nos por dentro, transforma-nos... mas leva-nos a lugares que nunca antes visitámos, a paraísos que jamais poderíamos imaginar...um filho é um mundo por descobrir, a cada dia, "são as janelas com que apanhamos sol por dentro" e nos tornamos num ser humano melhor...não tenho dúvida que todas as dificuldades iniciais são amplamente compensadas... e com calma e paciência, o nosso Eu, deixa de ser só a mãe, e tem vida própria, tem essência, profissão. Porque todas nós somos "muitas"...e ainda bem!
E para terminar, porque apesar de algumas amigas acharem que sou excelente mãe... e eu encontrar em mim um monte de defeitos (sim, na verdade os meus filhos têm a benção de ter uma empregada-bábá maravilhosa, uma avó única e um pai perfeito...), reconheço que todos os pais erram de vez em quando...
"Todo o coração tem os seus degraus. Logo que se conquista um, sobe-se ao céu. Sempre que nos deslumbramos nele, cai-se... pelas escadas a baixo. Todo o coraçao tem os seus degraus. E o dos pais não foge à regra. Mesmo que o imaginemos como clarão. Excelentíssimo. Que acolhe, acalenta e adivinha. Mas nem todos os pais sobem os degraus capazes de colorir o coração de uma criança. Perdem-se nalgum.(...) Basta que não cresçam connosco. E que não casem a complexidade com a simplicidade. A complexidade dos desafios com a simplicidade que se inventa para lhes fazer frente. (...) Porque todo o coração tem os seus degraus. E nem todos os pais sobem os degraus capazes de colorir o coração de uma criança sem que se deslumbrem a seguir".
Se assusta?? Deveras... é talvez o maior desafio crescer com eles, subir devagarinho e ao mesmo passo cada degrau da sua vida...não é preciso ir atrás, nem à fente...acho que o segredo é ir lado a lado, e escutar com o coração.
Confesso que sempre me perseguiu a ideia de que acabarei os meus dias num local, como hei-de dizer...pronto, para doentes com disturbios mentais...whatever... mas, também agora, com estas tecnologias, prometo escrever-vos de lá e assinarei "Closet - ala psiquiátrica, cama 26" !!
Hoje tinha o convite para ir assistir à apresentação de lançamento de um livro "Speculations & Trends 2010-2012" no Corte Inglês. Foram simpáticas, telefonaram-me, a minha amiga também podia ir e sempre podíamos estar juntas um bocadinho... aceitei! E lá fomos. Não que me interesse especialmente pelo que vai acontecer nos próximos 2 anos, o meu novo telemóvel touchscreen já é tecnologia suficiente para me ocupar os neurónios na próxima década e...na verdade preocupo-me mais com o presente, o dia a dia... sob pena de apenas projectar e não viver! Anyway, fiz um google ao livro antes de sair do trabalho e lá fomos radiantes para a sala do 7º piso...
Ficámos na última fila, não fosse fazerem-nos perguntas, e olhámos um pouco espantadas o septagenário em pé na mesa de discurso... "deve ser o que vai apresentar" dizia a minha Best Friend confiante... Confesso que também não achámos estranho a audiência ter uma média de ... 68, 69 anos...mais coisa menos coisa... malta interessada em inovação, certamente! E ainda mais estranho, todos se dirigiam um a um, conforme íam chegando, e assinavam na dita mesa uma folha "deve ser as presenças para depois nos oferecerem um livro" pensámos logo e levantámo-nos de caneta em punho para assinar também. Folheámos, folheámos...e nada, os nossos nomes não estavam na lista... e estranhamente na capa estava escrito "Ideias Religiosas"... ainda meio intrigadas, voltámos para os lugares e sentámo-nos ... e nada de vir o escritor que eu tinha visto no site... A minha amiga saca do convite e lê "pelas 19h no Restaurante do 7º piso"...oh God... estavámos na sala do curso de Ideias Religiosas... Levantámo-nos num salto, com os olhos rasgados de lágrimas de riso... e foi assim mesmo que entrámos na verdadeira sala de apresentação do livro, e nem conseguimos cumprimentar o senhor simpático da entrada! Ficámos outra vez na última fila...just in case!
Bom, e lá foi a apresentação da qual retenho a frase que estava colocada no escaparate dos livros " Não olhe para o retrovisor porque o que está à frente dificilmente será igual ao que ficou lá atrás". E o grito de guerra do autor "Antecipe-se" foi claro: nós antecipámo-nos. Uma tostinha com queijo chegou-nos do beberete final e fomos por a conversa em dia a beber um chá sozinhas!
O tempo passa depressa demais quando estamos juntas e quando reparámos "aiii já são 21h..." e zarpámos a correr do café... blá, blá, blá "aiii, não pagámos o chá".
Já alguém experimentou subir uma passadeira rolante que desce? eu até gostaría de dizer que foi a 1ª vez...mas não foi, de qualquer forma foi a 1ª vez que o fiz em parelha, o que até dá assim aquela imagem antiga dos jogos sem fronteiras a derrubar tudo o que está na frente!!! A custo, e vendo o lado positivo, o exercício físico faz bem, conseguimos. Já imaginávamos as nossas caras em cartazes "PROCURA-SE" pelo Corte Inglês... bom, a empregada de cara afunilada e rabo de cavalo não estava a rir como nós e lá pagámos o calote... who cares?
Já não me ria tanto há muito tempo e o facto de ter apanhado o comboio errado nem me chateou...acho que a minha tendência pessoal para 2010-2012 continuará a ser o GPS-versão-despistanço total :)
"O sonho é a nossa prática quotidiana da loucura. No momento de enlouquecer diremos: «Este mundo é-me familiar. Visitei-o quase todas as noites da minha vida». Por isso quando julgamos dormir e estamos acordados, sentimos uma vertigem na razão." in Quem ama, odeia de Silvina Ocampo & Adolfo Bioycasares.
Esta frase aparece assim no meio do livro como de para-quedas, num romance policial (se assim se pode chamar) que apenas comprei por curiosidade pelo autor...
Mas ficou-me esta frase... talvez porque me fez todo o sentido.
Há uma espécie de dever em mim de sonhar, como diz Fernando Pessoa, acho mesmo que é essa capacidade que tenho que me mantém "em pé" e impulsiona a andar em frente. Raramente desisto, apenas vou acrescentado novos sonhos, alterando pormenores à história. De uma desilusão passo rapidamente para um "e se..." e lá vem outro sonho acordado, outra loucura divina que apagará a desilusão e, no devaneio me coloca novamente um sorriso de esperança no rosto...
O dia-a-dia não me basta. A realidade é demasiado limitada e pobre. E há tanta coisa que poderia acontecer "se...". Mais que chorar as mágoas, eu sempre conjecturei, como uma aranha que tece diariamente a sua teia, fios de possibilidades, que não são mais que sonhos, a maioria das vezes impossiveis, loucos. Mas, mesmo sofrendo constantemente de vertigens da razão, não tenho dúvdas. Sonhar acordado é preciso.