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«Há tanta, tanta gente neste mundo, todos à espera de qualquer coisa uns dos outros, e, contudo, irremediavelmente afastados« Haruki Murakami
- "momy, qual é a função do cérebro?"
... desligo o secador, olho para o relógio..
- "ATRAPALHAR!"
claro! what else?
E assim começou o meu dia... não é para qualquer um!!! E não, não tenho remorsos da resposta, com toda a certeza irei tecer rasgados elogios à nossa capacidade de pensar... no fim-de-semana iremos certamente estudar essa magnífica massa cinzenta que se chama cérebro, capaz de nos distinguir dos animais que agem por impulso e intuição, com o que isso tem de bom...e de mau...
But not today... muito menos às 8h da manhã......
Uma amiga minha foi entrevistada numa revista onde fala sobre a sua brilhante carreira como Directora de Comunicação Institucional de uma Multinacional.Conheço-a há vinte anos, fomos da mesma turma, e depois da mesma faculdade. Nunca foi uma aluna brilhante e, na verdade, ajudei-a várias vezes para os testes e sempre tive melhores notas do que ela.
Percorri a entrevista com um sorriso no rosto, orgulhosa. Gosto muito dela, admiro-a, bastante, mas não a invejo. De todo... Ainda assim reconheço que ela tem algo que eu nunca tive e que é fundamental na carreira - ambição. Não tenho. Talvez por isso esteja no mesmo emprego há 11 anos sem evolução. Talvez por isso ela não tenha construído uma família, não tenha filhos... talvez.
A meu ver existem dois tipos de pessoas: as racionais e as emocionais. Eu tenho a certeza que pertenço ao segundo grupo. No limite, eu era capaz de ser feliz a servir hamburguers e tostas mistas num qualquer bar de praia, mas estou certa que não seria feliz sem amar intensamente alguém.
Romântica inveterada? Maybe. Se podemos ter os dois mundos?? Talvez, mas dificilmente em proporções 100% equilibradas. I guess...
Confesso que nunca pensei muito neste assunto. Trabalho bastante, dou o meu melhor, mas o trabalho nunca foi uma meta ou um objectivo. Nem imagino mesmo como poderá ser essa piramide de ideias...naturalmente respeito quem faz essas opções, não compreendo, mas respeito.
Só sei viver desta forma. Nunca serei rica, nunca estarei só. Sou assim, pronto... com os meus disparates e fantasias em buscas das minhas paixões.
Dolce Vita
Naquele fim da tarde o átrio estava cheio de pessoas a correr apressadas. Clara vagueava por entre as montras das lojas. Esperava Luís, mas não tinha muitas esperanças que ele viesse. Esperava, impaciente, passando a mão pelo cabelo dourado que lhe cobria os ombros. Ouvia o seu mp3 que enfiara num bolso das suas calças pretas justas, onde desaguava uma camisa desabotoada cor de ameixa. O telefone tocava e ela remexia dentro da sua mala de pele preta, tamanho XL, que tinha comprado em Londres. Nunca o encontrava quando queria. Encontrou-o finalmente por entre uma bolsa de maquilhagem e uma agenda que nunca usou mas que insistia em trazer consigo. Atendeu e, sorrindo, olhou para trás.
Luís descia as escadas rolantes com o habitual sorriso trocista no canto da boca e os olhos escuros rasgados que a seduziam. Clara estava apaixonada por ele mas não admitia. Não podia. Luís era um jornalista solteiro e bon vivant. Conheceram-se por acaso, quando ele fez uma reportagem na escola onde Clara dava aulas. No fim das filmagens pediu-lhe o telefone dizendo que era um procedimento normal. Clara não hesitou em dar-lhe. Nessa mesma noite Luís telefonou-lhe a convidá-la para jantar, brincando que era para fazer uma reportagem pessoal. Clara não resistiu à sua descontração, e mesmo sendo casada foram combinando cafés e jantares sem dia marcado, sem obrigações, nem perguntas, nem justificações.
Luís tinha-se perdido e ela já não acreditava que viesse, mas ali estava ele, de mãos nos bolsos sorrindo. Clara seguia-o com os olhos, admirando o seu tronco largo enquadrado num 1,80 de altura e num cabelo desalinhado castanho escuro. Trazia a camisa por fora de uns jeans deslavados, com o seu habitual ar descontraído de quem vivia o dia a dia sem grandes pressas. Clara estremecia e sentia a sua pele clara incendiar-se sempre que o via.
Levantou o sobrolho, na tentativa vã de travar os lábios que teimavam em rasgar-se, desnudando a sua felicidade e nervosismo. Impassível, os braços dele rodearam-lhe o pescoço e inevitavelmente os seus olhos prenderam-se nos dele, atraídos como iman. De repente, estar com ele, era tudo o que fazia sentido.
Texto escrito para a Fábrica de Histórias
Caem desamparadas as lágrimas de uma noite triste.
O rescaldo de uma tempestade antiga.
Um mar revolto de ilusões,
onde um barco anda a deriva.
Embatem-se as nuvens de tons negros sujos,
numa trovoada de sentimentos mudos.
Um raio grita estridente
aos nossos ouvidos.
uma história sem sentido
Corremos,
fugimos para o nosso abrigo.
E ali, vemos o ceu desabar,
num choro intenso, de arrepiar
gemidos de alguém ferido.
Quando parece abrandar,
numa chuva, fina e fria,
um trovão ecoa feroz.
sem qualquer piedade.
Olhamos e estamos sós,
ao relento, molhados
debaixo da tempestade.
(Dilúvio da alma... estou como o tempo, sorry!)
Tenho o terrível defeito de ser diferente... não é que faça por isso, muito pelo contrário, mesmo falando pelos cotovelos gosto de ser low profile e ficar calmamente entregue aos meus devaneios crónicos.
E esta vez não é excepção... quando anda meio mundo a tomar a vacina contra a gripe A, eu tinha de ser a freak que vai tomar a Uro-qualquercoisa... uma vacina contra infecções urinárias que vou tomar durante....30 dias...oh God...
By the way, é a 3ª vez que tenho isto nos ultimos 4 meses e sinceramente já estou farta de antibióticos... parece que finalmente se decidiram a fazer uma urino-cultura whatever para conhecer a estirpe que me ataca... e bom, se for malta fina, assim bactérias raras, vou sugeri-lhes que as vendam, e já agora, aceito uma comissãozita!
Anyway... doi-me a barriga, os rins,...mas estou viva! E vou ficar vacinada, na verdade todos aqui em casa estamos vacinados contra qualquer coisa incluindo os gatos...(com excepção do maridão que já se sente marginalizado).
Não fosse as dores aumentarem durante a tarde, nada me faria pensar que hoje acabaria o dia no hospital...Tive um fim de semana de paz e sossego algures nos montes da Aldeia das Dez (muito provavelmente porque não tinha mais de 10 habitantes, incluindo cães e gatos...), e iniciei hoje de manhã o jogging à frente de minha casa... 100m para um lado, vira, 100m para o outro, vira...ehehe....ok, 10 minutos, mas já não foi mau para começar!
Na verdade o meu marido não gostou da ideia, diz que é periogoso eu correr na rua deserta... ainda fugi de alguns cães que me seguiam raivosos de dentro das suas vivendas... mas acho que os assustei mais eu a eles do que o contrário, tendo em conta a minha linda figura com o porta-chaves ao pescoço enfiado no top de ginástica e o mp4 preso no elástico dos calções parecendo que tinha um alto na perna, além que muito de vez em quando "esse alto" deslizava por dentro dos calções...oh God... juntando ao facto que tossia tanto com o esforço cardiaco que qualquer vivalma manteria a ditância minima de 50m !! Anyway...amanhã fico a descansar...afinal...estou doente!
Recebi este selinho, da minha amiga Margot. Obrigada! Perfeito é muito provavelmente um adjectivo que não se adapta de todo a mim!
E aqui seguem as regras perfeitas:
1. Postar o link de quem indicou;
2. Postar o selo;
3. Passar o selo a 5 blogs perfeitinhos;
4. Responder às perguntas;
Mania:
coleccionar objectos sem valor e que vou perdendo nas minhas muitas malas, e passado uns tempos digo “ahhh, estava aqui…tenho de guardar, mas agora não posso, vou colocar aqui” …. E lá vai para outro lugar recôndito!
Pecado capital:
dezenas… certamente, tenho a minha cabeça a prémio no...Canadá eheh
Melhor cheiro do mundo:
a pele de bébé do nosso filho
Se o dinheiro não fosse problema:
desenhava, pintava, escrevia, lia e viajava!
História de infância:
A bela adormecida, talvez por isso ainda acho que dormir é o melhor remédio!
Habilidade como dona de casa:
bem… não se pode chamar habilidade… quando me dá na cabeça desato a re-organizar roupas, de tal forma que nunca ninguém sabe onde é que estão as coisas sem ser eu (e na verdade faço isso com alguma regularidade…!). Pronto, tenho jeito para tirar nódoas da roupa, sei e gosto de cozinhar e… com uns phones nos ouvidos passo a ferro sem problemas!
O que não gosto de fazer em casa:
Sou uma nódoa com a esfregona!
Frase preferida:
"A vida não tentes compreende-la e ela será como uma festa" Rilke
Passeio para o corpo:
massagens
Passeio para a alma:
poesia
O que me irrita:
frases feitas, gestos encenados
Frases ou palavras que uso muito:
“Jura?”
Palavrão mais usado:
“Trabalho” ... devia ser mesmo proibido!
Vou aos arames quando:
trocam-me as voltas
Talento oculto:
é tão oculto, tão oculto…que ainda não o encontrei!
Não importa que seja moda, eu não usaria nunca:
permanente! claro
Queria ter nascido a saber:
fazer ski aquático! Juro!... ok, a compreender a raça masculina!
E os meus Blogs perfeitinhos são ....
- Margot
- ´Na
- Mafalda
- Cloudy
- miuda*
Deve-se beber muita água, aprendeu o meu filho em Estudo do Meio. Eu também acho. E por isso costumo andar sempre com uma garrafa de água de 75cl para ir bebericando no caminho casa-trabalho-casa. A água faz bem. Bom, quem não deve pensar isso é a senhora de casaco vermelho aprumado que descia à minha frente as escadas do metro. Descia eu, e mais 300 pessoas, em compasso de dança lenta as escadas do metro do Cais do Sodré e, vá se lá saber porquê, apeteceu-me beber água...O problema é que não tenho jeitinho nenhum para dança de grupo, quase tanto como beber água a descer escadas com os meus tamancos, baralhei os passos e...tchakapoooommmm... aterrei desequilibrada nas costas de uma senhora de casaco vermelho aprumado. Esta por sua vez aterrou nas costas de um senhor sexagenário careca com camisa de manga curta.... autch.... Ainda acho que faziam um bom par, faziam, mas infelizmente não se conheciam. A parte boa é que não fui ao chão...a menos boa é que a minha garrafa de água ficou a metade.... A senhora ficou com o casaco aprumado todo molhado e os seus olhos quase que faiscavam de raiva... Na verdade poderia ter fingido que tinha torcido um pé (afinal não foi a primeira vez que tentei um voo naquela escadaria), fazia o meu ar mais cândido e coxeava uma bocadinho... mas confesso, ao ver a senhora molhada como um pinto deu-me uma vontade incontrolável de rir e, seguido do "peço desculpa" soltei um "ah ainda bem que está calor"...foi nessa altura, já terminados os lances de escadas, que a cara da senhora atingiu tonalidades semelhantes ao seu casaco... foi nessa altura que decidi zarpar dali com os phones nos ouvidos.
Com tal introdução, o dia revelou-se igualmente de loucos, e acabei por regressar a casa com os ponteiros do relógio exactamente no mesmo sítio, 8h30,desta vez da noite. Depois de gesticular com as chaves em vários sentidos no parque de estacionamento para ver onde é que estava o meu carro ( basicamente confundo o meu 107 por qualquer carro mais ou menos do mesmo tamanho, mais ou menos da mesma cor, seja C1, Nissan ou twingo...whatever) ainda quase atropelava um varredor de rua neurótico que se atravessou à minha frente na estrada aos berros ... parece que não tinha as luzes acesas...oh God...
Bom, venha o fim-de-semana, que será romântico, passado a dois, num hotel rural no meio de montes e serras, aqui.
Disse-lhe que não. Mais uma vez, não. E mais outra.
Ela não compreendeu e viveu com ele as historias que lhe apeteceu.
Ele não sabe, nem imagina, o que a fascina, sonhar com ele. Noite e dia, como por magia tê-lo como antes. E não distantes, despidos de acção, ou emoção. E ela sonha-o constantemente, num acto inconsciente, dormente, num silêncio encenado. Faz tudo errado, e ele segue o seu caminho, sozinho.
Ela percorre-o com o olhar, sem reparar tropeça na imaginação e, na desilusão, persegue o seu sorriso antigo, em busca de abrigo, o que já não existe. Fica triste. Recorda com melancolia, aquele dia em que o descobriu, e sentiu que era diferente, carente. Confusa nem percebia, a ironia da atracção, o jogo da sedução em que entrou sem perceber. Rendida, sem se mexer, presa numa teia. Não sabe se o deseja se o odeia. Mas sonha-o mais uma vez, numa viciante embriaguez, porque a história ficou mal contada, inacabada. Ela anseia a conclusão, a que sonha e imagina, porque não aceita um não.
Vou fazer um curso de escrita criativa!
Na verdade ainda não li bem o programa, nem me lembro bem qual é o horário, nem me lembro do nome do professor (aho que é um escritor muito conhecido-só-eu-é-que-não-o-conheço...típico) mas isso não interessa para nada... é que vou com a minha Best Friend! Mai-nada.
Hoje fomos almoçar e ela veio com esta surpresa "o que é que achas de fazermos juntas este curso de escrita criativa?"... CLARO!
Na verdade, a última vez que ela me levou para um curso saí de lá a fazer de Nuvem a rastejar pelo chão... oh God... bem, não vislumbro nada terrível que me possa acontecer neste curso... não é preciso cantar, nem dançar, nem contracenar com um gajo horroroso com alface nos dentes...no way, só nós e os nossos textos, parece-me bem! Bora lá amiga, a ver se não nos "dispensam" do curso com os ataques de riso que emergem no nosso maxilar sem autorização prévia!! Assim, como assim, hoje já gozámos o prato com o empregado que batia tresloucado com a caneta-tipo-nitendo no visor do seu bloco-electrónico-maravilha ... juro que pensei que aquilo era uma consola e que ele estava a jogar star wars... Whatever!
Onde o tempo parou
Aqui, de onde te escrevo o tempo parou. Os pássaros azuis que nos davam os bons dias a chilrrear no beiral da janela deixaram de me visitar. O gato gordo cinzento permanece deitado no cadeirão preto de pele junto à escrivaninha, num sono eterno, profundo. Até os ponteiros do relógio colonial de parede pararam, num pronuncio de solidão.
Recolho-me no sofá e seguro a minha almofada de tricot, aquela que tantas vezes me arrancavas dos braços para me poderes abraçar... curioso, como agora dava tudo para te poder abraçar de novo, e não esta almofada velha tricotada há mais de vinte anos pela minha avó... Estou também parada, inerte, soturna, a olhar pela janela o mar irado. As ondas de espuma branca que embatem e desgastam um rochedo enorme que se ergue incólume no meio da água. Aquela explosão de raiva e impotência, aquela luta incansável, um pouco de mim.
Já não me preocupo com o braço do sofá que está descosido, ou com o pires desta chávena que tem uma lasca. Bebo o chá de maçã e canela bem quente e recosto-me de lado neste mesmo braço do sofá, de pernas encolhidas, tapadas com a manta de xadrez que trouxemos de Marrocos. Como tudo é efémero e relativo.
Olho de esguelha, mais uma vez, para a tua carta largada, por entre livros e jornais antigos, em cima da arca. Estico-lhe a mão e contemplo-a, mais uma vez... Porque a mandaste? Porque pediste para te escrever? Porque não consigo derrubar-te de mim?
Uma imensidão de dúvidas atravessam a minha mente, num jogo perigoso que já não quero jogar. Desisti de ti. Mesmo que este sofá ainda me recorde o cheiro fresco do teu perfume, que a almofada de tricot me lembre os teus braços à volta da minha cintura e o chá de maçã e canela me deixe na boca o sabor doce do teu beijo.
Ergo-me do sofá todos os dias e piso descalça estes dois metros de tijoleira que separam o sofá da janela. Sento-me no parapeito de madeira para ver o sol caminhar em direcção ao mar. Como uma dança de enamoramento, aproximam-se devagar. Depois beijam-se demoradamente, em diferentes tonalidades mescladas de azuis e laranjas. Tocam-se. Amam-se. Fundem-se. Como tudo deveria ser assim tão simples.
Texto escrito para a Fábrica de Histórias