Amnésia
Rasgo-te todas as noites,
Desfaço-te em pedacinhos
Na minha memória,
Queimo lentamente a nossa história.
Todos os dias,
Numa rotina peregrina
Promessas que faço em vão
Entrego-me num sono profundo
Que me liberta deste mundo,
Dessa infinita solidão
O abandono que em ti vivi.
E acordo todos os dias inebriada,
Confusa, cansada
Das contradições que senti.
Mas hoje foi um dia diferente
Uma brisa fresca passou por mim,
Percebo então, de repente
Que, de alguma forma, te esqueci.
Olho-te e não te vejo
Apenas um corpo, sim um rosto
Uns olhos, uma boca…
Procuro neles como louca
Mas já não vejo,
O olhar penetrante que desejo
O sorriso doce que um dia vi
Já não o encontro, já não o sonho
Acordo e assumo, triunfante
Com tristeza no semblante
Uma amnésia de ti.