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«Há tanta, tanta gente neste mundo, todos à espera de qualquer coisa uns dos outros, e, contudo, irremediavelmente afastados« Haruki Murakami
Nas nossas mãos mudar
Arrastava os pés pelo caminho que conhecia de cor. Vasculhava um bolso vazio, depois o outro, perdera as chaves, mais uma vez. Ou deixara-as no bar. Não se lembrava. Tinha ído lá só para beber um copo. Era sempre só um. E ía ficando. E ía bebendo, primeiro um, depois outro, e outro a seguir. A empregada sorria-lhe, lembrava-se. Só não se lembrava nunca como acabava num quarto lá do fundo. Deixava-lhe sempre uma nota na cabeceira. Tal como deixava à sua mulher para pagar uma conta qualquer. Qualquer era a mentira que inventava quando chegava, já não se lembrava o que tinha dito antes, arriscava. A mulher fingia que acreditava, abria-lhe a porta, uma vez, outra e mais outra. Não conseguia ver-lhe os olhos carregados de lágrimas, inchados, sofridos. Beijava-lhe a testa esperando que ela não sentisse o odor de whisky e deitava-se pesado na cama ainda vestido, envergonhado, arrependido. Está nas suas mãos mudar o caminho.
Olhava-se ao espelho e não se reconhecia. A mãe encantada sorria. Acenava, dizia que estava linda. Ela olhava e sentia-se vazia. Percorria a lista de convidados e quando via um nome tremia. Lembrava-se da tarde em que o conhecera, e que nunca mais o esquecera. Os olhares fixaram-se e o corpo estremeceu. Algo nele a prendeu. Prendeu também o seu juízo. Um beijo inesperado atirou-a para o precipício, o desejo descontrolado marcou o início. Marcado estava tudo há muito tempo. A casa comprada, planos para o futuro, bebés e uma carreira brilhante. Brilhante era o seu vestido bordado a pérolas de água, opaco era o seu olhar perdido. Nada disto fazia sentido. Amava outro, que não ía ser seu marido. Está nas suas mãos mudar o destino.
Beijou a testa da sua filha desejando-lhe boa noite. Como sempre fazia. Ladeava a cama pelo outro lado e beijava a mais pequena que já dormia. Mais uma noite sozinha. Há muito que se habituou às constantes ausências do marido, trabalho, viagens, ou outra mentira qualquer. Há muito que se deixou de importar se era trabalho ou outra mulher. O seu coração foi arrebatado por outro homem, que se atravessou no seu caminho. Um homem diferente e meigo que a conquistou. Ela sorriu-lhe e negou o óbvio, que se apaixonou. Passa o tempo, como uma brisa do vento. E todas as noites ela entrega-se a ele na solidão da sua cama, fantasiando o impossível. Ele já mal se lembra dela, quase não se falam, e ela vive com ele um sonho incrível. Nesta anestesia insana ela alimenta os seus dias de monotonia. Vai sofrendo, vai sorrindo, vai fingindo, está nas suas mãos mudar a sua vida.
Tinha-lhe dito que não queria. Eram muito novos, ainda era cedo. Disse-lhe com agonia. Ela olhou-o aterrorizada, as lágrimas escorriam pela face fria. Ela acenou-lhe que sim e abandonou cabisbaixa o carro, caminhando devagar até à porta, parecia morta. Ele acompanhava os seus passos angustiado, arrependido, irado. Deixou de a ver, e de repente teve medo de a perder. Um bebé inesperado. Um filho mudaria a vida, uma vida no meio dos dois. E depois? Ligou o carro enquanto revolvia um turbilhão de sentimentos, emoções. Carregou no acelerador com uma fúria incontida. Aquela mulher era a sua vida e ele tinha-a desiludido. Cobarde, irreflectido. Guiou a noite toda com a raiva de um furacão, até que parou, está nas suas mãos mudar a direcção.
Texto escrito para a Fábrica de Histórias
Mais um desafio passado pela minha querida Mafalda, daqueles que serve essencialmente para dar a conhecer um pouquinho mais de nós. Um dia ainda ponho aqui uma foto minha de curly hair para vos assustar, buuuuuu ;) eheheh
Parte 1
O que te choca: a violência, a hipocrisia.
O que te arrepia: beijarem-me no pescoço
O que te excita: beijarem-me no pescoço
O que te solta: beijarem-me no pescoço..ok,ok... pode ser caipirokas, margaritas,..??
O que te faz rir: isso agora... é meio passo para me conquistar ;) disparates, trocarem-me as voltas.. I guess
O que te faz chorar: a doença, o sofrimento, a morte.
O que te causa náuseas: cheiro de gasolina pfffff...lol
O que te falta para seres feliz: neste preciso momento, a saúde estabilizada do meu pai.
O que te traz infelicidade: a saúde instável do meu pai...
O que te magoa: voltarem-me as costas
O que desejas: descobrir e lutar por aquilo que quero
O que receias: fraquejar, ter medo, empedrecer
O que não queres perder: a minha capacidade de sorrir
O que queres alcançar: nunca pensei nisso... será que devia??
Uma data que abominas: nenhuma em particular
Uma festividade que adoras: os aniversários dos meus filhos, 15 Julho e 10 de Outubro.
Uma qualidade que aprecie nas pessoas: a generosidade e a humildade.
Uma característica que abomine nas pessoas: a cobardia e o egoísmo.
Uma mentira que tenha dito: disse "nãoooo"...só para não assustar!
Uma nostalgia: um puf, uma cerveja, o mar, ping-pong, whatever
Parte 2
Vida: um planeta por desbravar.
Amor: um país conquistado pela paixão.
Casamento: um caminho que nem sempre se percorre a direito, com muitos buracos, muitas pedras, vários atalhos e saídas.
Família: um porto de abrigo.
Dinheiro: sempre um meio, nunca um fim.
Homem: o meu Papi, claro!
Mulher: a minha Best Friend
Desejo: não ter rotinas
Sucesso: aprender a jogar nitendo!! só para impressionar os meus filhos!
Profissão: escrever...
Saúde: sinusite é a minha guerra...de resto, sou de ferro!
Internet: tornei-me... virtual, confesso!
Presente: instável...
Passado: saudade e nostalgia...
Futuro: imprevisível...
Politica: detesto, não percebo pevides e voto sempre no que o meu pai votar (o que até é bastante previsível, so what?)
Brasil: a minha viagem de finalistas, Nordeste e Rio....adorei...
Sexo: sempre que apetece, sem pressas nem exigências :P
Arte: pintura
Opinião sobre o desafio em questão: cansativo...ninguém vai ler isto até ao fim...what else?
Ufa... já está!!
E é para passar este desafio às minhas amigas 'Na, miuda, Margot, UmdiadepoisdoOutro.
Estejam à vontade para o fazer, ou não, escolham apenas o que vos apetecer, take it slowly ;)