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«Há tanta, tanta gente neste mundo, todos à espera de qualquer coisa uns dos outros, e, contudo, irremediavelmente afastados« Haruki Murakami
Diariamente somos confrontados com escolhas que, no matter what, temos
irremediavelmente de fazer.
Eu nunca gostei de ter de escolher. Talvez por isso quando oiço os meus filhos dizerem "quero as duas coisas" , e de preferência, "ao mesmo tempo"...eu compreendo-os e doi-me obriga-los a optar. E isso reflecte-se em coisas tão simples como "ou sumo ou iogurte?", "ou patins ou bicicleta?".
Há poucos dias o meu filho mais novo pediu-me para comer um gelado mesmo antes de se deitar, "que tinha fome e que queria um gelado" disse-me com um sorriso nos olhos.
Disse-lhe que era melhor não. Que podia ficar com dores de barriga e até vomitar. Disse-lhe que comesse umas bolachinhas, não eram tão deliciosas, é um facto, nem mesmo aquilo que lhe apetecia no momento, mas tiravam-lhe a fome e ele dormiria confortado.
Reconheço que para uma criança negar um prazer imediato com a justificação de um "e se..." futuro, não funciona.
Disse-me com o mesmo sorriso rasgado que preferia o gelado, que se vomitasse não fazia mal, depois, se tivesse fome, comia as bolachinhas.
Realizei que não valia a pena, neste caso, tentar convence-lo (já basta quando não tenho outra hipótese!).
Há certos erros que só se aprendem com a experiência.
Deixei-o comer o gelado.
Bom...e tenho esta música na cabeça...desde hoje à tarde, more or less....
I Thought You Would Leave Your Heart With Me - Rita Guerra I still have both hands over old photographs To remind me of the laughter, and tears Times we made love, are more than enough, To count them on my souvenirs But the one thing I had, I'm missing most Is the one thing I can't seem to find I thought you would leave your heart with me And that part of you is all I need And someday you'd reappear, 'Cause you knew you left it here The only place it could ever be I thought I could watch you walk away Knowing somewhere down the road you'd say: 'It was all a big mistake, it was more than you could take', I thought you would leave your heart with me... I was sure you were mine, just a matter of time Until I heard your knock at my door But I'm facing the facts, you're not coming back, 'Cause there's nothing to come back here for ll that I know, I can't keep on living a lie, Oh, but darling... I can't hide the truth I thought you would leave your heart with me And that part of you is all I need And someday you'd reappear, 'Cause you knew you left it here The only place it could ever be And if I only knew, what I know now, I would have never let you go, I'd still be holding on somehow... I thought I could watch you walk away Knowing somewhere down the road you'd say 'It was all a big mistake, it was more than you could take', I thought you would leave your heart with me.. |
Hoje fui testemunha de um julgamento da empresa... quer dizer... teoricamente porque acabei por ser dispensada de testemunhar. E logo eu que tinha ído de fato cinzentão, com ar super mega profissional (by the way, completamente demodé..odiei)... e sim, por lá estavam todos mal vestidos, a começar pelo réu e seu advogado com dentes salientes e voz de sirene...e o pessoal passeava-se todo com uma capa preta de vampiro...oh God...mudem a indumentária dos Tribunais, please!!
Mas a experiencia serviu-me para me questionar sobre a necessidade de "Jurar dizer a verdade"...parece uma coisa leviana, fácil, fácil...mas se a pergunta for confusa? e se sobre ela tivermos mais do que uma opinião? será que a verdade é sempre transparente e inquestionável?? nem sempre...pelo menos para mim.
Não acredito em verdades absolutas, acredito na verdade do momento, aqui e agora. Amanhã, por muito boa vontade que tenhamos, a verdade de hoje pode cair por terra. Nós mudamos, o mundo á nossa volta muda. Life goes on.
Por outro lado, há as meias verdades, como diz Margarida Rebelo Pinto "Falar verdade nem sempre é fácil, confrontar o outro com a nossa verdade pode ser ainda mais difícil" Porque a verdade pode tanto construir com destruir. E é nestes casos que se opta por omitir. Devemos dizer que não gostamos como ele fala de boca cheia, como ressona, como põe a camisola do pijama por dentro das calças, como se agarra ao comando da TV enquanto nós andamos a limpar a casa, coisinhas assim "insignificantes", ou devemos omitir estas verdades porque são pequenas ninharias? aha...como diz a escritora "a verdade não reside apenas nos grandes gestos nem é só vivida nos grandes momentos. Ela instala-se nos pequenos gestos do quotidiano e treina-se como um desporto."
Uma amiga minha separou-se do namorado com quem vivia exactamente porque... disseram estas pequenas grandes verdades e concordaram que, enquantos elas forem verdades, não conseguem viver juntos.
No entanto, calar e omitir, também não nos traz felicidade, leva-nos a um mundo imaginário que acaba por ruir...um segredo que nos estrangula, um veneno que nos corroi...
Bom...safei-me do juramento...pelo menos por hoje...