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«Há tanta, tanta gente neste mundo, todos à espera de qualquer coisa uns dos outros, e, contudo, irremediavelmente afastados« Haruki Murakami
Dissemos quase tudo
o mais importante ficou para depois,
brincámos com palavras inventadas
embrulhadas num novelo de emoções.
Dissemos quase tudo
o que entre nós havia para dizer,
alegres, tristes, irritados
presos numa teia até adormecer.
Desejei impune os teus lábios
sonhei que as palavras saiam deles
sedentas, a escorrer
as palavras, as malditas palavras
que me incendiaram sem perceber.
Calaste-me com um beijo,
Perdi o norte, bloqueei a razão
e as palavras esperadas, pobres
submissas ao prazer da ilusão .
Seguimos o nosso trilho
de costas voltadas, despidos e sós,
tua e minha, uma solidão
num monólogo sem voz.
Se sinto a tua falta? Jamais te diria.
Em mim existe o vazio enorme das palavras,
aquelas que me deslumbraram um dia,
que disseram quase tudo,
quase tudo, menos o que mais esperava
o que tardava e eu nunca ouvi
dizerem simplesmente "não vás, fica aqui".
Recebi há pouco tempo um e-mail a elogiar o meu blog, que o leu quase todo num fim-de-semana (bolas...) e que eu a fiz pensar na vida com mais alegria... Fiquei feliz, claro, inchada até...e na verdade esforço-me por ter boa disposição e alegrar quem está á minha volta (mesmo que este ano não me esteja a correr particularmente bem...whatever).
Como Churchill dizia "Sou um optimista. Também não me serve de nada ser outra coisa qualquer". E eu subscrevo.
Mas sou humana, tenho um monte de defeitos. Digo o que não devo, faço coisas sem pensar, arrependo-mo, volto atrás, e nem sempre mostro o que sinto, mostro mesmo às vezes o que não sinto numa ridícula encenação necessária.
Na verdade, tenho dias piores, em que estou mesmo farta de mim, apetece-me desligar e fugir ..." não sejas assim" dizem-me...mas sou, como uma criança endiabrada que olha de esguelha o passeio e corre feliz pela estrada.
Insisto em usar sandálias de cunha com 10 cm, mesmo com a minha tendência inata para escorregar e cair. Insisto em não olhar para o chão nem me segurar no metro, absorta a ler os papeis que levo nas mãos. Hoje torci um pé e desequilibrei-me algures na linha azul, aterrei no colo de um senhor que estava sentado. "que tinha de ter cuidado" disse-me enquanto ajudava-me a levantar. Pedi-lhe desculpa. Acho que já não o reconhecia. Para mim foi um colo, ainda que de um estranho, que me amparou neste dia.