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Palavras

por Closet, em 18.05.09

 

Dissemos quase tudo

o mais importante ficou para depois,

brincámos com palavras inventadas

embrulhadas num novelo de emoções.

Dissemos quase tudo

o que entre nós havia para dizer,

alegres, tristes, irritados

presos numa teia até adormecer.

Desejei impune os teus lábios

sonhei que as palavras saiam deles

sedentas, a escorrer

as palavras, as malditas palavras

que me incendiaram sem perceber.

Calaste-me com um beijo,

Perdi o norte, bloqueei a razão

e as palavras esperadas, pobres

submissas ao prazer da ilusão .

Seguimos o nosso trilho

de costas voltadas, despidos e sós,

tua e minha, uma solidão

num monólogo sem voz.

Se sinto a tua falta? Jamais te diria.

Em mim existe o vazio enorme das palavras,

aquelas que me deslumbraram um dia,

que disseram quase tudo,

quase tudo, menos o que mais esperava

o que tardava e eu nunca ouvi

dizerem simplesmente "não vás, fica aqui".

 

publicado às 23:10

Desabafos

por Closet, em 18.05.09

Recebi há pouco tempo um e-mail a elogiar o meu blog, que o leu quase todo num fim-de-semana (bolas...) e que eu a fiz pensar na vida com mais alegria... Fiquei feliz, claro, inchada até...e na verdade esforço-me por ter boa disposição e alegrar quem está á minha volta (mesmo que este ano não me esteja a correr particularmente bem...whatever).

Como Churchill dizia "Sou um optimista. Também não me serve de nada ser outra coisa qualquer". E eu subscrevo.

Mas sou humana, tenho um monte de defeitos. Digo o que não devo, faço coisas sem pensar, arrependo-mo, volto atrás, e nem sempre mostro o que sinto, mostro mesmo às vezes o que não sinto numa ridícula encenação necessária.

Na verdade, tenho dias piores, em que estou mesmo farta de mim, apetece-me desligar e fugir ..." não sejas assim" dizem-me...mas sou, como uma criança endiabrada que olha de esguelha o passeio e corre feliz pela estrada.

 

Insisto em usar sandálias de cunha com 10 cm, mesmo com a minha tendência inata para escorregar e cair. Insisto em não olhar para o chão nem me segurar no metro, absorta a ler os papeis que levo nas mãos. Hoje torci um pé e desequilibrei-me algures na linha azul, aterrei no colo de um senhor que estava sentado. "que tinha de ter cuidado" disse-me enquanto ajudava-me a levantar. Pedi-lhe desculpa. Acho que já não o reconhecia. Para mim foi um colo, ainda que de um estranho, que me amparou neste dia.

publicado às 22:18


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