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«Há tanta, tanta gente neste mundo, todos à espera de qualquer coisa uns dos outros, e, contudo, irremediavelmente afastados« Haruki Murakami
Lá vinha eu estoirada do trabalho a folhear a Lux Woman especial Beleza quando reparo nuns olhos fixados em mim de alto a baixo do senhor que se sentava à minha frente. Enquanto disfarçava a folhear as páginas do erudito Diário de Notícias, eu podia facilmente ler-lhe a passar pela testa em letras gigantes LOIRA LOIRA LOIRA.
É uma verdade que para algumas pessoas que se cruzaram na minha vida eu tive o rótulo de loira, mas para ser sincera nunca me importei com isso. Confesso que em certas situações até é uma posição confortável, não me fazem muitas perguntas porque certamente pensam que não tenho nada de interessante para dizer. Chega a ser um alívio...
Talvez à excepção dos colegas de escola e faculdade, onde as minhas notas sempre derrubaram o estatuto de loira burra, eu sempre fui associada à feliz louca por roupa, sapatos e cosmética, sempre a par dos looks trendy e com uma invejável cultura sobre a vida de todas as manequins internacionais. By the way, programas como o Project Runaway fazem as minhas delícias televisivas, no matter what.
Na verdade nunca me importei com o que pensam sobre mim, talvez porque nunca fui pessoa de pensar o que quer que seja sobre alguém, detesto rótulos e ideias pre-concebidas e tenho o terrível defeito de não desgostar de ninguém. E assim, sempre vivi entre os dois mundos, tanto gosto de cremes como de poesia, tanto gosto de ir a uma galeria de arte como de experimentar roupa da nova colecção da Mango, tanto gosto de dançar raggae na praia como de dançar valsa num baile clássico. Nem tudo é comparável ou hierarquizável...e quem quiser isolar os comportamentos em universos paralelos do "fútil" ou "ecléctico"... passe à frente, sff.
Eu sempre me dei bem com gregos e troianos, por vezes tenho até a mania de querer juntá-los mesmo indo contra a sua natureza, mas nesta dicotomia sempre fui encontrando o meu ponto de equilibrio.
Aqui fica a minha loira preferida que adoptei há 6 meses, a minha Avril!
Costumo estacionar o carro num parque de um jardim municipal perto da escola dos miúdos. Subimos umas escadas de madeira na encosta, apanhamos umas folhinhas… e tudo seria hoje assim perfeito não fosse uma criatura abominável que se atravessou à minha frente.