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Mr. Right

por Closet, em 13.04.09

Questiono-me muitas vezes se gostamos mesmo de uma pessoa ou da ideia que fazemos dela. É que são coisas diferentes.

Quantas vezes não demos por nós a pensar "que raio vi eu naquela criatura?". Faz parte.

O desejo que temos de encontrar o "príncipe perfeito" é tão avassalador que nos empurra para uma construção mental daquilo que julgamos ser a nossa alma gémea, materializando-a rapidamente num corpo. Pode ser o nosso vizinho do lado, o colega da faculdade, o amigo da amiga ou um parceiro de trabalho, whatever. Pode ser qualquer um, desde que encaixe tudo aquilo que nós idealizámos e que disfarce tudo o resto que não nos interessa, claro. O que ele gosta, o que não gosta, o que diz, o que pensa, o que quer da vida. Tudo o que queremos ver nele nós, indiscutíveis visionárias, vemos. E assim andamos felizes, sendo mesmo implacáveis nas primeiras escorregadelas comportamentais do Mr. Right: fechamos os olhos e tapamos os ouvidos "I don't care". Isto porque ainda estamos a gozar a ilusão paradisíaca de que o Mr. Right existe e, lucky us, ele até gosta de nós e está ao nosso lado.

But, as time goes by, as escorregadelas intensificam-se...o homem é todo ele uma nódoa negra e, nesse momento, percebemos que o Mr. Right Before já não é o Mr. Right Now e muito menos será o Mr. Right AfterOoh...we have a problem... Das duas uma. Ou nós mudámos e já não queremos hoje o que queríamos antes....o que, admito, é sempre uma boa hipótese nos tempos que correm. E lá vem o rótulo de nós, mulheres, nunca estarmos satisfeitas...Ou então o príncipe quebrou o verniz, é enfadonho e definitivamente tornou-se no Mr. Wrong.

É nesse preciso momento de inesperada lucidez que nem queremos acreditar que perdemos tanto tempo com aquela criatura-que-não-tem-nada-a-ver-connosco. No way! E ficamos iradas, com raiva, como é que ele nos conseguiu enganar tão bem???

Mas aí é que está o celeuma. Ele não nos enganou. Nós é que quisemos ser enganadas. E, por mais que nos custe admitir, ainda bem. Nunca é uma perda de tempo perseguir um sonho, personificar um desejo, criar um mito. Vale sempre a pena sentir o coração aos pulos só de o ver ao longe, as mãos a tremer, a voz a gaguejar e as palavras sairem baralhadas pelo bloqueio cerebral. Não somos de pedra, inanimadas. É sempre bom ter emoções, libertar endorfinas. No matter what. Estar apaixonado por alguém, ainda que fruto da nossa ilusão, vale sempre a pena. É que o Mr. Right só existe num limite temporal - Now.

 

publicado às 22:08


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