O Livro do Desassossego é o meu livro de cabeceira. Guardo-o como uma relíquia, foi surripado à minha irmã (na verdade ela nem sabe que eu o tenho, shame on me!)... é uma edição de 1982, já está velhinho, sublinhado e com folhas de árvore secas no interior. Para mim reune os textos mais bonitos de Fernando Pessoa.
Paradoxais? Confusos? Contraditórios? Identifico-me perfeitamente! So what?
"Estou quase convencido de que nunca estou disperto. Não sei se não sonho quando vivo, e não vivo quando sonho, ou se o sonho e a vida não são em mim coisas mistas, interseccionadas, de que meu ser consciente se forme por interpenetração."
"Rio da Posse
Que somos todos diferentes é um axioma da nossa naturalidade. Só nos parecemos de longe, na proporção, portanto, em que não somos nós. A vida é, por isso, para os indefinidos; só podem conviver os que nunca se definem, e são, um e outro, ninguém.
Cada um de nós é dois, e quando duas pessoas se encontram, se aproximam, se ligam, é raro que as quatro possam estar de acordo. (...) Toda a aproximação é um conflito. O outro é sempre um obstáculo para quem procura. Só quem não procura é feliz; porque só quem não busca, encontra, visto que quem não procura já tem, e já ter, seja o que for, é ser feliz (...)".