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«Há tanta, tanta gente neste mundo, todos à espera de qualquer coisa uns dos outros, e, contudo, irremediavelmente afastados« Haruki Murakami
O meu exame de condução, o 1º ... aquele que, enfim, não me correu lá muito bem...
Foi há 10 anos e admito que não estava nervosa, para estupefacção da criatura masculina que partilhava o exame comigo... Um rapazinho baixo, com óculos enterrados no nariz e roupas compradas pela sua bisavó... ainda acho que foi ele o responsável por eu ter chumbado, com aquela imagem arrepiante desinspirou-me completamente...adiante.
Para minha sorte, ou neste caso azar, o exame foi perto da minha casa, lá pela minha zona, como eu explicava ao examinador mesmo antes de entrar no carro. Perguntou quem queria ser primeiro, perante o olhar aterrado da criatura masculina eu nem hesitei “Eu” pois está claro e avancei confiante para o volante.
Primeiro bloqueio...tentei arrancar sem tirar o travão de mão... raios parta o carro que não saía do lugar...silly me!
Naquela altura o instrutor ía ao nosso lado e o examinador e a outra criatura íam atrás. Confesso que nunca gostei do meu instrutor, tinha a mania que tinha graça... na maioria das aulas eu servia de motorista para sua excelência ir às finanças "à e tal precisava de um impresso", à junta de freguesia "à e tal precisa de entregar algo", ao centro de saúde "à e tal precisava de uma receita"...eu bufava, mas lá ía aguentando a coisa...mesmo a aula que fiz a um sábado às 7 da manhã e que me obrigou a ir a Sintra "à e tal precisava de ir lá" e em plena IC19 a caixa de velocidades pifou e "agora não pode parar ouviu? se não ficamos aqui, ouviu?"...oh God...foi a vigem interminável a 40 km/h...
No dia do exame o homem pôs um after shave terrível... e vai daí também foi uma das coisas que me desconcentrou...
Depois de receber um murro no joelho do dito instrutor malcheiroso, percebi que tinha de tirar o travão de mão, e não é que o carro andou?? Começámos o percurso e entrámos na rua onde vivia a minha irmã... comecei logo entusiasmada a falar e a gesticular “ali mora a minha irmã, está ver naquele prédio, é aquela janela ali...” bom, com o entusiasmo cheguei a um cruzamento e, não havendo instruções, segui em frente obviamente...até que ouvi uma buzina estridente e o carro parou...what??
“Então a menina não sabe que entrou numa rua de sentido proibido??" Perguntou enervado o examinador. O malcheiroso abanava a cabeça com aquele ar de porquinho atarracado... eu fulminava-o com os olhos, como é que me deixou ir para ali? Podia ter-me dado outro murro (quem dá um dá dois), virado o volante ou simplesmente não ter travado o carro, eu atravessava a rua rapidamente e depois negava ter passado por tal rua, o senhor examinador estava era com alucinações...
Respondi então com meu ar mais inocente e angelical “Eu só ando por esta rua a pé e já andei nos dois sentidos”. O velho do examinador rosnava já sem paciência e mandou-me seguir para um local onde ía trocar com a criatura do banco traseiro que já transpirava com os óculos embaciados.
Bem, eu já estava chumbada, por isso decidi contemplar os meus passageiros com uma condução de luxo.
- “aiii a menina não sabe que deve parar antes de virar numa perpendicular??”
- “não”
- “aiiii a menina já viu onde está?"
- “no eixo norte-sul”
- “nãoooo, está a andar na berma da estrada”
Who cares?
Pronto. Acabei o exame com um distinto Reprovado ao cubo e ainda com o conselho (leia-se ordem) de tirar novamente lições de código. Wonder why? Homens histéricos.