Há pessoas que ficam em nós porque nos fazem ou fizeram amá-las brutalmente. Homens, mulheres, seres vivos. Podem ter estado connosco apenas horas, minutos, até segundos. Mas ficam a planar no tempo, em memórias.
Podia ser um traço físico, um corpo delineado, um cabelo ondulado comprido, uns olhos grandes azuis, uma boca carnuda,... mas toda essa beleza seria efémera.
O que nos faz realmente amar alguém é o levantar do sobrolho, o sorriso rasgado nos olhos, aquele andar desajeitado, o cabelo despenteado por cortar, aquele abraço apertado, a gargalhada incontida, as palavras certas vindas na hora exacta...
É o “olá” que nos faz estremecer, da voz que ouvimos a quilómetros de distância, o sorriso nos olhos e os lábios rasgados.
É aquele braço que nos rodeia os ombros, os dedos que percorrerem as nossas costas, aquela mão que afaga a nossa cara até à boca e pergunta “então?”
É o sussurro no nosso ouvido, seguido do beijo que nos percorre o pescoço.
São as gargalhadas partilhadas daquelas conversas sem sentido.
É aquele ombro que nos ampara quando simplesmente não temos força para mais.
É a música que nos canta baixinho em segredo, é o corpo que se esfrega no nosso a dançar.
É a capacidade de nos fazer sorrir e esquecer do mundo, a saudade que nos aperta a alma quando não está.
É a vontade que temos de contemplar, estar perto, sem questionar.