Hoje foi um dia de sorte, até recebi de bandeja um bilhete para ir ver a Madonna de uma amiga que não vai poder ir. Eu, claro, aceitei logo ainda que não conheça uma única música dela dos últimos... uhmmm...15 anos, mais coisa menos coisa, mas ainda tenho 2 dias para me inteirar e decorar as letras todas!
Mas o ponto alto foi de facto a hora do almoço, não o almoço propriamente dito, mas uma aula nova de ginástica.
A minha amiga pediu-me (leia-se “obrigou-me”, mas eu sou de conquista fácil) para, em vez de fazermos a terapia habitual de Body attack, experimentarmos uma coisa nova, muito zen, muito à frente, e com bastante menos esforço – Pilates. “É giro” dizia ela, “é aquilo com uma bola..”, bom lá fomos nós.
Logo à entrada da sala tivemos a sensação de nos ter calhado o pior instrutor à face da terra, (e eu já nem sou exigente naquele ginásio) a sua corpulência peluda num corpo de 50 kg, com óculos de 90 dioptrias e ainda por cima estrábico…é que nós imaginamos sempre uma professora bela com corpo de contorcionista ou quanto muito um homem asiático ou com ar , não sei zen… bem, não imagino homens a dar estas aulas, a bem dizer…Mas lá estava um, e tinha de me calhar a mim! Entrámos logo com a sensação que não íamos para o sítio certo e tivemos imediatamente a certeza ao constatarmos que as criaturas que lá se encontravam apenas tinham um colchão, e estavam descalças,… e nada de bolas….
Nós, tal e qual gatas borralheiras, lá descalçámos os ténis que escondemos a um canto, enquanto que as outras criaturas tinham chinelinhas… Depois a pergunta que nós de todo não queríamos ouvir “Há alguém a fazer esta aula pela 1ª vez? Sabem ao que vêm?” . Dissemos um “Nim” insonoro, e o “Giraço” disse-nos logo para nos chegarmos para a frente para o vermos bem em todas as posições (ora vê-lo não era propriamente a melhor paisagem do mundo, estava-se melhor de olhos fechados…), lá nos chegámos ainda que angustiadas e com a certeza que não sabíamos de todo ao que íamos…
Começámos bem com um “Força no metatarso”, aliás isto foi repetido inúmeras vezes durante a aula, entre outros termos técnicos dignos de uma aula de medicina, o problema era que eu não fazia um boi de ideia do que era o dito metatarso…Depois ouvi de tudo, desde “desçam vértebra a vértebra” (como se as conseguisse descolar), "colem o umbigo às costas" (como se as minhas entranhas me fizessem o favor de se eclipsar), "cresçam na cabeça" (e esta não era só para mim apesar de adaptar-se lindamente) e “ergam a púbis” pareceu-me de facto eloquente, e todos os exercícios eram qualquer coisa acabada em strech, longstrech, doblestrech, sidestrech, enfim…fosse o que fosse tínhamos que gramar com o giraço descalço com a perna desnudada e peluda erguida e apontada para o tecto, e ainda nos fez questão de mostrar os belos abdominais (leia-se “ossos salientes”…).
No meio daquele filme pode-se dizer que, nuns exercícios, tive a certeza que numa outra encarnação já tinha sido um pássaro de tanto que tentei levantar voo, e também em outros senti-me um caranguejo a quem lhe foram arrancadas as patas da frente… foi uma experiência a não esquecer, mas para quem já fez de nuvem, nada mais me parece estranho. E fizemos muitos círculos, com os pés, com as mãos, com os braços, de fora para dentro, de dentro para fora,…para alcançar a “força abdominal”. A dada altura, em que a minha posição não era a melhor (digamos que estava de gatas), o professor passou por mim e colocou-me bruscamente a mão no pescoço, posso dizer que pensei seriamente que se ía vingar das risadas incontidas que tive ao longo da aula,… mas apenas disse na sua voz irritantemente calma “descontraia o pescoço”, e confesso que fiquei aliviada e mais descontraída quando ele o largou… A música também não foi uma ajuda preciosa, já que a qualquer momento imaginava uma serpente a sair de uma cesta algures na sala...
Bom, para quem nunca fez Pilates, e refiro-me a Pilates sem bola (aliás, passei a aula toda a gesticular à minha amiga “onde estão as bolas???”), recomendo vivamente a experimentar, não se sai de lá com um pingo de suor, e eu apenas saí com uma forte dor nas costas que aliás me acompanhou toda a tarde e ainda uma cãibra no pé direito. Apenas aconselho a evitarem o meu ginásio…E eu que até sou toda apologista destas energias positivas e alternativas, até já fiz acupunctura,… mas Pilates sem bola e com aquele giraço,… nãaaa... fugi da sala com os meus ténis na mão tal e qual a Cinderela, não fosse o príncipe perseguir-me!
E deixo-vos com um verdadeiro giraço, para que o meu instrutor de Pilates se inspire!