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«Há tanta, tanta gente neste mundo, todos à espera de qualquer coisa uns dos outros, e, contudo, irremediavelmente afastados« Haruki Murakami
Com Poucas Linhas
Podia ser uma linha apenas. Curta e a tinta fina.
Podia ser só um risco, a tracejado. Desde que me indicasse o caminho.
Podia ser um rabisco, daqueles que sempre fizeste em pedaços de papel para encontrar-me contigo. Esboços de mapas com estradas e atalhos, plantas de espaços clandestinos.
Sim, uma linha apenas bastava para localizar-te, perseguir o rumo do vazio que deixaste num branco incompreensível. Farejar o rasto. E talvez mesmo essa linha fosse suficiente para apaziguar as dores que causaste com mais uma desilusão, mais uma partida. A última, repito, e obrigo-me a aceita-la, ao contemplar as linhas que envias a tinta invisível.
Na cegueira que é hoje encontrar-te, é com poucas linhas que desenho tudo o que desejo para a tua vida. As palavras revelam-se parcas, insuficientes, inúteis...
Mas abro, de repente, o coração e sai a voar um traço. Firme, decidido. Traz com ele a tranquilidade que só uma pomba branca transporta nas asas imaculadas, esvoaçando pelos céus, invencível. Largo-a e ela leva-te, em apenas uma linha, tudo o que aspiras e precisas: a Paz, para que os teus dias sejam alegria.
Texto escrito para a Fábrica de Historias