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«Há tanta, tanta gente neste mundo, todos à espera de qualquer coisa uns dos outros, e, contudo, irremediavelmente afastados« Haruki Murakami
«Mas tudo o que sentia era uma solidão incomensurável. Sem me dar conta, o mundo que me rodeava perdera para sempre as cores (...)
Ao perder Sumire muitas coisas morreram dentro de mim, como acontece quando a maré recua, levando com ela tudo o que estava depositado na areia. » Haruki Murakami
Porque às vezes a maré recua e sentimos um deserto imenso à nossa volta. Um vazio clastrofóbico, ensurdecedor. Como se, de repente, o mundo inteiro desaparecesse. Só nós e um areal extenso. Árido. Um preto e branco desconfortável, distante. Somos morte mais do que vida.
Às vezes a maré recua, de repente, como se nos puxasse o tapete, apanhando-nos desprevenidos. Caímos, quase morremos. Choramos enraivecidos. Gritamos. Mas estamos inutilmente sozinhos num areal imenso, ninguém nos ouve. Falamos em silêncio e acreditamos num caminho possível. Qualquer um que se desenhe à nossa frente. De pé, embrutecidos, caminhamos. Seguimos instintivamente, até encontrar de novo a praia de ondas batidas, de pessoas, toalhas e chapéus de sol.