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«Há tanta, tanta gente neste mundo, todos à espera de qualquer coisa uns dos outros, e, contudo, irremediavelmente afastados« Haruki Murakami
Todas as decisões são imperfeitas, sufocam-nos de perguntas, cercam-nos de dúvidas.
Encontrava-me naquele limbo, onde se pesa as decisões. Perguntava-me «quantas vezes a vida nos dá uma segunda oportunidade?» Poucas, eu sabia. «E uma terceira?» Questionava-me. Talvez nenhuma.
Todas as decisões são imperfeitas. Rasgam-nos pelo que largamos e deixamos ir. Deixam-nos a balançar o corpo num abismo enorme da memória, lembrando que, a qualquer momento, podemos cair.
O passado não se recupera. Percebi isso no primeiro segundo em que te reencontrei . Corri para ti, desenfreada, como louca, todo um momento a pairar deslocado no tempo, preso por fios. Como louca amei-te novamente, com a mesma intensidade, da forma que consegui. As dúvidas e as perguntas rodopiavam num looping gigante dentro de mim. Com a mesma insanidade, acreditei, mais uma vez, que era importante para ti.
A verdade única e constante é que tu nunca me amaste e eu nunca te esqueci.
As promessas são como as decisões: imperfeitas. Trazem consigo a condenação temporal do "para sempre" ou do "nunca mais".
Dei-te tanto e nunca te prometi nada. Prometeste-me sempre tanto e deste-me tão pouco. É esta a ironia do destino estilhaçado.
Lamento cada momento que não te tenho, que te sonho exausta, que é o acordar e nem sequer saber de ti. Choro a raiva desta obessão minha inimiga, que é querer não te querer. O cheiro da pele que ficou impregnada nos meus sentidos. O desejo incontido de te abraçar só mais uma vez.
Aos poucos deixarei de esperar-te e voltarei a acostumar-me a viver sem cor de fundo. Não acredito que vá voltar a ouvir a tua voz aveludada, sentir os teus olhos e saborear o teu sorriso. Guardarei os contornos do teu corpo gravados na pele. Na alma trarei o teu silêncio comigo. Sufocando cada palavra que não te disse, cada mal entendido. Diz-me, é esta a violência da distância ? É este o meu castigo? Um silêncio perpétuo emsombrado de incompreensão, embriagado em remorsos do que poderia ter sido.
Todas as decisões são imperfeitas. O passado não se recupera. Será este o nosso último capítulo?