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«Há tanta, tanta gente neste mundo, todos à espera de qualquer coisa uns dos outros, e, contudo, irremediavelmente afastados« Haruki Murakami
Voa entre os dois. Os segredos cúmplices.
Guardados entre as teias do tempo, asfixiados de impotência
embargados de incompreensões.
Disse-lhe «eras tu quem eu queria, para sempre»,
mas o vento levou-o, para longe.
Arrastou-o sem perceber porquê.
Diz-lhe agora baixinho «eu também quero-te tanto».
E não sabia. A névoa que tingiu o caminho, abafou-lhe a razão.
Desapareceu.
Voa entre os dois a conversa e o riso,
imparável, viciante, envolta em ilusões.
O mundo à volta deixa de fazer sentido, minusculo, perde a cor.
Deambulam confusos na realidade que evitam e negam.
Vivem fantasias que desenham em sombras na escuridão.
Voa o tempo sem rumo,
onde um foco de luz gritante
aponta por um buraco a direcção.
Um raio de sol incómodo trespassa-o
Ilumina-o de prazer, queima-o de dor.
Desamparados, lambem as feridas, que ardem sem cura
e guiados por a luz esperam. Mais uma vez, esperam o destino,
aquele que os entreguerá um dia,
nos braços que apertam, um e outro, em solidão.