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«Há tanta, tanta gente neste mundo, todos à espera de qualquer coisa uns dos outros, e, contudo, irremediavelmente afastados« Haruki Murakami
Há dias em que me sinto cansada da vida, ou de mim, não sei bem. Talvez não consiga dissociar uma coisa da outra. Sinto-me farta, só isso, e o acordar torna-se pesado, como se tivesse de carregar um camião nos braços. Como se o chão me fugisse ao andar. Fecho os olhos novamente e penso "ainda não, mais um pouco" na esperança que o sonho seja a vida e a vida o sonho. Tal é a confusão que por vezes nem sei bem.
Ergo o corpo exausto e acredito estar a sonhar. Arrasto-me até ao banho onde a água, demasiado quente, queima-me a pele libertando um vapor onde não me encontro. Um nevoeiro onde não vejo nada e sinto-me bem. Há ali apenas água a ferver, que escorre do meu cabelo pelos ombros, percorre o meu peito e as costas. Há naquele queimar um ritual de um despertar forçoso. Do dia que grita lá fora. Da rotina frenética que me espera em vão. Abro os meus sentidos lentamente. Habituo-os à luz, ao barulho, ao sabor... e caminho em frente. Hipnotizada. Sem parar.