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«Há tanta, tanta gente neste mundo, todos à espera de qualquer coisa uns dos outros, e, contudo, irremediavelmente afastados« Haruki Murakami
Encontraram-se sempre e não sabiam. Todo o tempo em que se pensavam separados. Encontravam-se à revelia sem ser notados. Nem mesmo eles se apercebiam. Não era num lugar qualquer, nem da forma mais vulgar. Era um lugar paralelo. Descobriram que ambos não sonhavam, e que era enquanto dormiam que se encontravam. E não sabiam.
Sempre que dormiam, viviam. Um e outro, um para o outro, quebravam as barreiras do visível. Entregavam-se em conversas intermináveis à luz de beijos que os cobriam. Inebriados de saudades antigas, ignorando a vida que do outro lado prosseguia. Confidentes eternos. Amantes impossíveis, enlaçados num só corpo misturado do outro, até ser dia. Embriagados num licor de vida, que espuma o ardor da realidade intransponível.
Encontram-se, à noite, todos os dias. E quando todos pensam que dormem, eles vivem.