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Sonhou, acordou

por Closet, em 23.11.10

 

Sonhou com tanta força que um dia ele estava lá quando chegasse.

Não sabia o lugar, nem o dia ou a hora exacta. Mas sonhou que nesse dia ele ía estar à sua espera com um grande abraço. Que a levantava nos braços e sorria. E tudo à volta parasse. Ninguém mais existia.

Ela sonhou que a sua voz de veludo inundava-lhe os sentidos, sussurrando palavras loucas. Os olhos perseguiam os dela, embalados pelos corpos que se confudiam, as mãos, tacteavam-se nervosas, procuravam perceber em que artéria se perderam da vida... Não sabiam.

Sonhou, ela sonhou com tanta força que um dia se encontrariam. E que os lábios percorreriam o pescoço, desaguassem uns nos outros rendidos no mesmo sonho. Caminhariam enlaçados, sem rumo ou direcção. Apertados. Um canto de sonho era o bastante para a sua imaginação.

Ela sonhou que todo o impossivel voava com o vento, sem levantar a poeira que por aí deixava. Sonhou, sonhava. Acordou.

 

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publicado às 00:17

Sonho vivo

por Closet, em 14.11.10

 

Encontraram-se sempre e não sabiam. Todo o tempo em que se pensavam separados. Encontravam-se à revelia sem ser notados. Nem mesmo eles se apercebiam. Não era num lugar qualquer, nem da forma mais vulgar. Era um lugar paralelo. Descobriram que ambos não sonhavam, e que era enquanto dormiam que se encontravam. E não sabiam.

Sempre que dormiam, viviam. Um e outro, um para o outro, quebravam as barreiras do visível. Entregavam-se em conversas intermináveis à luz de beijos que os cobriam. Inebriados de saudades antigas, ignorando a vida que do outro lado prosseguia. Confidentes eternos. Amantes impossíveis, enlaçados num só corpo misturado do outro, até ser dia. Embriagados num licor de vida, que espuma o ardor da realidade intransponível.

Encontram-se, à noite, todos os dias. E quando todos pensam que dormem, eles vivem.

 

 

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publicado às 23:47

Pior sonho ou melhor pesadelo?

por Closet, em 18.02.09

Há sonhos que nos perseguem obsessivamente, de tal forma que se tornam verdadeiros pesadelos. No início são agradáveis, inofensivos, relaxantes, divertidos. Mas com o passar do tempo vão-se tornando descontrolados, viciantes, incómodos, irritantes. A sua suposta transparência transforma-se numa névoa gigante confusa, como uma areia movediça que nos puxa e sufoca. É nessas alturas que nos apercebemos que já não é um sonho, mas um pesadelo. Ainda que arrebatador, aparentemente atraente, ele consome lentamente a alma e aperta o estômago. Então queremos acordar daquele estado inconsciente, para constatar que era apenas um sonho, ou um pesadelo. Para sentir que temos poder sobre ele, que ele não comanda a nossa vida e o nosso humor. Tentamos constatemente fazer restart.

Às vezes passam-se dias sem nos perturbar, e num misto de ansiedade e loucura, paira sobre nós a agradável sensação de estar a salvo, uma leveza infinita percorre-nos ingenuamente o espírito. Gozamos por segundos minúsculos o paladar da independência, ainda que perplexos e desencantados com o vazio que nos deixou.
Até que o sonho volta novamente, a avivar a nossa mente, a lembrar pormenores esquivos e controversos que lutamos por apagar. Cada vez mais completo e definido, ele vem furtivo para nos torturar. E mesmo assim, há dias em que inexplicavelmente não queremos acordar. Queremos fugir, queremos voltar, queremos vivê-lo sofregamente, e, em simultâneo, conscientemente não o queremos aceitar. Porque é inviável e absorvente, instintivo e brutal. Mas é um sonho, definitivamente o pior sonho ou, talvez, o melhor pesadelo que poderíamos sonhar.
 
Adoro estes dois, adoro esta música...

 

 

 

The Scientist - Colplay

Come up to meet you, Tell you I'm sorry
You don't know how lovely you are
I had to find you, Tell you I need you
And tell you I set you apart
Tell me your secrets, And ask me your questions
Oh let's go back to the start
Running in circles, coming tails
Heads on a silence apart
Nobody said it was easy
It's such a shame for us to part
Nobody said it was easy
No one ever said it would be this hard
Oh take me back to the start
I was just guessing at numbers and figures
Pulling the puzzles apart
Questions of science, science and progress
Do not speak as loud as my heart
And tell me you love me, come back and hold me
Oh and I rush to the start
Running in circles, Chasing tails
Coming back as we are
Nobody said it was easy
Oh it's such a shame for us to part
Nobody said it was easy
No one ever said it would be so hard
I'm going back to the start

publicado às 23:25

O poder de uma saia 36

por Closet, em 06.08.08

Hoje fomos almoçar ao restaurante do costume com um ex-colega nosso, trabalhei com ele quase 10 anos e ele saiu em Janeiro. Também vinha de férias, super bronzeado e lá estava eu radiante com os meus olhos turquesa... ele chegou, sentou-se, pedimos o prato e umas cervejinhas, e eu continuava de olhos esbugalhados para ele a perguntar-lhe "então? não notas nada em mim?" mas para minha decepção ele apenas proferia "estás queimadinha, estás com mais sardas,..." e nada nos olhos, ... desesperada perguntei-lhe "e os meus olhos, não notas nada?", ele olhava e olhava espantado sem perceber o que eu queria que ele dissesse.

Fiz um bela compra, nem uma pessoa que trabalhou comigo 10 anos repara que os meus olhos passaram de castanho a turquesa... quando lhe disse, "não vês que tenho lentes de cor?" ele gracejou "aaahhhh, tens?". 

Corri ao Corte Inglês a comprar a dita lágrima artificial para as lentes não secarem pois já chega por vezes ver um pouco enevoado (o que até dá jeito quando não queremos falar a alguém), e pesquizei as outras cores disponíveis. Está decidido: para a próxima é mesmo o azul safira, mesmo que achem que tenho olhos de vidro pelo menos todos reparam, é que é frustrante eu sentir-me lindíssima de olho azul e nem o meu pai reparar..... E frustração puxa por um trapinho novo que nos anime (sim, porque já prometi ao meu marido não comprar mais sandálias este Verão, mas são sandálias, quando chegar Setembro é tempo de sapatos e aí é outra história). Descobri uma saia gira super barata que me dava jeito para um determinado top (há sempre qualquer coisinha que nos faz falta no nosso closet, certo?), mas só havia o nº 36.... olhei para ela e disse-lhe: "serás minha nem que coma alface até à próxima encarnação." Mas mesmo assim, decidi prová-la ,e qual não é o meu espanto quando ela me assentou que nem uma luva (ok uma luva daquelas de Lycra, justa, mas entrou bem, sem esforço, apertei o botão e o fechei o fecho e depois consegui respirar e andar sem ser com uma perna colada à outra. Estava perfeita e eu até saí do vestiário com a parte de cima do meu vestido vestida e a saia por baixo a chamar a minha amiga "serve-me". Deu-me ânimo para aguentar a tarde e ler mais alguns dos muitos e-mails que ainda tenho para ler (já só faltam 89). Sim, mesmo sem notarem nos meus olhos tuquesa o importante é que eu tinha comprado uma saia 36, ainda por cima por uma pechincha!!! Só uma mulher que vista o 34 é que ficaria com o dia estragado! Se este episódio foi um sonho, por favor não me acordem! Deixem esta saia permanecer na 1ª fila do meu closet.

publicado às 00:56


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