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alma gémea

por Closet, em 12.10.10

 

Hoje à noite perdi-me da lua.

Procurei-a na escuridão por entre os passos apressados da calçada. Varrida por becos sombrios, despidos de vida.

Deparei-me de repente com duas almas gémeas. De corpos entrelaçados num banco tímido de jardim, transpiravam o luar.

Absortos, nem deram conta que eu me aproximava.

Não sei se furiosa ou espantada, perguntei-lhes se eram almas gémeas. Que sim, acenaram, atrapalhados, por eu ter descoberto o segredo que guardavam.

Roída de inveja por terem roubado a lua, sentei-me no banco do lado e resolvi explicar.

- Sei que são almas gémeas e que têm convosco o luar. Transpiram o seu odor nos corpos de prazer exaustos.

A pele entranhada, funde-se e confunde-vos, sem saberem exactamente quem é um e o outro. O olhos irrompem-se violentamente, como se estivessem a lutar. As palavras puras soltam-se embriagadas no silêncio dos braços que deslizam estridentes e alvoraçados. Pernas que rasgam os restos de tecidos gastos, ansiosos, por se abandonar. E os lábios, trémulos, impacientes, esbarram onde o início não tem fim. Deleitam-se demoradamente, tropeçam, tincam-se, amarram-se. Tudo em vosso redor brilha num magnetismo partilhado e imortal. Seguro, encondido entre o peito, apertado, bate desassossegado o luar.

publicado às 23:15

Naufrágio

por Closet, em 22.09.10

 

Ele chegou de repente, sem avisar. Ela correu como louca para o encontrar.

Olhou-o nos olhos e não teve dúvida. Era ele. Sempre foi. Nunca o esqueceu. E o tempo que se perdeu, percorrido entre os dois, começou a afundar. Num oceano imenso, submerso de recordações.

Abraçaram-se, demoradamente. Esquecendo que à volta havia gente. Apertaram-se, para acreditar. O mundo ficou pequeno. Estavam juntos novamente. Olhos vidrados, a um palmo de distância. Sorriam sem falar. Sorriam de lábios rasgados. Não existiam palavras para explicar. Eram tão minusculas para tudo o que se estava a passar.

Mãos agarradas uma na outra tacteavam o destino, o que fazer a seguir. A um palmo de distância os olhos não conseguiam mentir. Engoliam em seco, de coração na boca, de lábios sedentos por se tocar. Talvez um , só um beijo quente, lento e doce. Envolto num abraço apertado que a deixa a levitar. Ele beijou-a, como sempre fez, de uma forma louca e um brilho no olhar. O chão tremeu violento, as paredes começaram a abanar. à volta um mar revolto. E naquele naufrágio, para sobreviver, ela teve de acordar.

 

publicado às 22:31

Amnésia

por Closet, em 14.09.10

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Perguntei-te baixinho, debaixo da árvore "Porquê?".

Não me respondes e eu não me lembro da razão. Está frio, e sinto a falta do teu corpo contra o meu. "Porquê?" continuo a perguntar em vão. E oiço apenas os braços das árvores, numa dança louca, por cima da minha cabeça zonza. Sozinha, deito-me no chão. Fico ali imóvel e parada por tempo incerto. Os olhos inchados de lágrimas, o corpo inerte. Petrificada. Um Porquê persistente que lateja na minha cabeça cansada, confusa. E aos poucos já não sinto frio. Nem calor. Nem dor. Não sinto. É um estado dormente. Habituamos-nos a estar assim. Aos pouco parece normal,  e até mesmo natural. Não sei por quanto tempo fiquei ali. 

 

Sabes o que irrita? Realmente irrita? Eu nunca ter deixado de pensar em ti. Sentir a tua falta. Em momentos dementes largava-me ao vento e voava distante. E podia jurar que estavas ali comigo. Caminhavas, como fantasma, mascarado, errante. Aparecias nas curvas mais perigosas, nos becos sem saída. Não tinhas vida, mas vía o teu espectro desengonçado, e chegava a confundir-te com a pessoa ao meu lado. Procurava-lhe a tua mão enorme e quente. Para de repente, ver que não era a tua. E sentia-me novamente ferida, frágil e nua. Despida de vida. Não sei já quem era o espectro, e quem vivia.

 

Num enterro de mortos, encontramo-nos, agora, vivos. Amantes ou inimigos. Não sabemos. Sobreviventes de uma guerra maldita. Nas trevas sedentos, carentes. A cabeça range um compasso inquieto. Os lábios secos são apertados. E o silêncio cobre-nos os corpos, rígidos, no tempo embalsamados. Não sabemos ao certo se estamos vivos, ou se somos os mortos que são agora enterrados. 

publicado às 23:43

Um dia...

por Closet, em 20.08.10

 

 

Se pudessemos apagar um dia na nossa vida... um dia...

assim, de repente, eu apagaria um fim de tarde assim

 

 

Deixava a cerveja por beber

o desejo incontrolado arrefecer

naquela areia fria,

onde o olhar perdeu-se no teu

afogou-se e, lentamente, veio a tona,

sobreviveu.

Mas apagando aquele dia,

sei que te vou esquecer

hoje, amanhã ou depois

sem pressa nem correria,

a morte que é não querer ver

apagar-te simplesmente

sem crueldade ou hipocrisia.

 

Esta é a história do Rei que nunca terá a Rainha.

publicado às 02:09

Para ti

por Closet, em 21.07.10

retalhos...

 

«Deixo aqui o que resta de mim para ti. Assim, rascunhado neste pedaço de papel arrancado de um caderno qualquer.

Não sei se te lembras da minha morada, se ainda tens a chave, nem se algum dia virás cá.

Mas se, por acaso, passares e encontrares esta carta, saberás que é para ti. Como uma espécie de despedida que aconteceu há muito e nunca aceitámos ou assumimos.

Neste momento, restam-me memórias de momentos em que me fizeste renascer de alguma forma que eu ainda desconheço, num misto de euforia e hesitação... nada corroi mais por dentro que resistir aos impulsos de uma paixão, e ter de deixa-la ir, resistir, desistir.

Como é que te sentes por ter ganho? Sempre foste melhor jogador, calculaste sempre pormenorizadamente cada jogada... tinhas o rei, a rainha e cavalos, e eu só tive peões, andei a pé, num ritmo lento. Tu estiveste sempre atento, jogavas bem.

Olho para trás e questiono-me se devia ter-te conhecido. Se devia ter-me sentado ao teu lado naquele dia e conversado contigo. Nem sei a partir de que momento penetraste no meu olhar de forma diferente, assim de rompante, e invadiste-me com um sorriso que me prendeu numa confusão entre a irritação e o desejo inebriante de estar contigo, falar, ver-te... tudo em nós foi uma enorme confusão. Não me descarto de responsabilidades, e eu sempre contrariei a razão. It takes two to tango, I know... Mas no meio de tudo não compreendo a tua indiferença, a hipocrisia, o fingimento e os pequenos golpes premeditados, calculistas, errados. Para quê se nunca gostaste de mim? Se o jogo nem tinha chegado ao fim e eu já estava no colchão, admiti logo que não tinha força para lutar. Porque te quiseste vingar? És assim tão diferente de mim?

Ainda assim, queimou-me a alma esquecer-te..., Não é todos os dias que nos apaixonamos por alguém, ainda que platónico, impossível, uma paixão deve ser vivida. Que sabor tem a vida sem paixão? Ambos sabíamos que depois de consumida ela correria o seu percurso natural e ía morrendo, esmorecendo aos poucos. Ambos sabíamos que não seria mais do que isso. E então? Porque fugiste?

O calendário é um pedaço de papel ingrato, com muitos números, e eu nunca te pedi nada, não te perguntei nada... porque nunca me enfrentaste? porque nunca disseste, nos meus olhos, o que sentiste quando te beijei de repente? O que pensavas enquanto esperavas sem saber se eu ía voltar? Porque me mostraste o teu mundo, a tua casa? Porque enrolaste o teu corpo no meu e deixaste o barco afundar? Porque fizeste apaixonar-me por ti? Como é que te sentes agora com a vitória? A vista é boa do alto do pódio? Que tal a fama, a glória?

Não vivemos numa ilha de esquerdinos, se a paixão por consumar pode durar com intensidade, o seu destino caminha derradeiramente para a desilusão. E eu desiludi-me. Demorou tempo, demasiado. Mas finalmente percebi que não há nada em ti para mim. E que afinal fajuto é um adjectivo que só e unicamente te assenta a ti.

A partir de hoje abrigo-me na Ilha do Silêncio. Podes ver-me, até raspar por acidente o corpo no meu, mas as palavras entre nós serão mudas, naufragaram vazias de acção.»

 

 

 

publicado às 23:39

Olhar Sem-abrigo

por Closet, em 25.06.10

 

Entrou no café distraída, directa ao balcão. Deparou-se de  frente com o seu vulto, sentado, sozinho.

Mexia um café, e divagou nos seus ombros largos numa camisa que não recorda a cor.

Recorda o olhar que desajeitada desviou e fingiu não reparar. Sentiu o peito a sufocar.

- Um café - disse ao empregado, sentindo uns olhos percorrerem-na, ansiosos de um confronto violento.

Aqueles jogos ridiculos de quem tem medo de falar. As palavras matam. Mata também aquele olhar. Profundo e viciante.

Evitou-os torturando-se, esmagando-se por dentro. Daria tudo para olhar, invadi-lo loucamente, toca-lo, vê-lo sorrir. Mas já não tem forças para pedir, mendigar nem mais um gesto. Não quer saber.

 

Engoliu o café, quente, a ferver. E sentiu-se arder, contornando a mesa dele sem respirar.

- Olá - disse ele baixinho - Tudo bem?

Que hipocrisia. Ele não quer saber o que ela sentia, para onde vai ou de onde vem. 

 

Que sim, mumurou num passo apressado, e acenou-lhe um olá amargo. De costas voltadas.

Continuou o seu caminho. Não olhou para trás.

Claro que ele não a seguiu.

Sempre fora ela a insistir, a sonhar no vazio.

 

Hoje evita o choque corrosivo dos seus olhos, vai esquecer.

Esquecer o travo dos lábios, o toque da pele, o encaixe dos corpos, perfeitos, insatisfeitos sem perceber.

 

Murmurou "tudo bem" ao longe de costas voltadas. E quase voltava atrás, num impulso voraz. 

Fingir mais uma vez. Mas não o fez. Foi capaz.

 

Encenou um olhar cego envidraçado

E escondeu o seu olhar sem-abrigo, carente, ausente

que sobrevive abandonado.

 

publicado às 01:23

Regressar

por Closet, em 23.06.10

 

 

Senta-se de costas no comboio que a transporta

num regresso rotinizado olha o mar despido, agitado

e sente que o tempo lhe passou ao lado.

Mais uma vez, não sabe ou certo,

desde quando viaja ao contrário

mergulhada no seu imaginário

perdeu a noção do longe e do perto,

da direcção.

Vê o seu vulto passar numa paragem qualquer

E ainda tenta acenar, sair ali por Algés

dizer-lhe "Olá, tudo bem?".

O comboio não pára, continua a andar

Já não vê ninguém.

O vulto ficou para trás

assim como a memória, incapaz

de esquecer aquela noite fatal.

De palavras erradas, corpos embrigados,

esquecer a música, apagar o local.

Mecanicamente,

Entra e senta-se de costas,

recosta-se e vê o mar agitado,

a vida a passar ao lado,

Mas ali, assim, de repente

no absurdo impossível de voltar

sente-o mais próximo de regressar.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

publicado às 01:33

Shame on me

por Closet, em 11.05.10

 

Tenho andado fugida...confesso! Não por gosto...mais por necessidade...

Pois que estou a convencer-me a mim própria que não preciso dormir, e lá chegarei um dia!

Na verdade o trabalho tem sido esgotante em tempo e em espaço cerebral, o curso muito entusiamante mas também com trabalhos exigentes .... e a vida, oh...essa vejo-a passar por mim num Ferrari a 200 km/h... (bom, não falemos de carros que ainda ontem passei a vergonha de não conseguir subir numa rua com o carro xpto do maridão...e sim, foi a mãe da criancinha aniversariante que me tirou o carro daquela rua escorregadia sanguessuga mesmo à frente do meu filho que já pensava "sim, é a momy, what else??"... que nódoa).

Anyway...cá estou eu, à 1h20 da manhã mas fesquinha (e não é uma metáfora...está um frio de rachar "onde é que pára a Primavera???") a escrever-vos, just to say hello! (entre miomografias e sessões de fisioterapia ao braço por fazer... brrrr... vou adiando, here I am!)

 

No meio das minhas 1001 festas de aniversário e eventos afins, tipo deixa-um-deixa-o-outro-vai-buscar-um-vai-buscar-o-outro-vamos-para-outra-festa-vêm-de-pijama-a-dormir, não me posso queixar de falta de agitação e claro...a casa arrumadinha de tão desabitada estar. Anyway... há-de acalmar!!!

 

Deixo-vos aqui um texto do meu curso que me custou horrores... ainda não percebi bem se pelo tema ser um casamento...se por ser sobre sensorialização... descobri que na verdade sou péssima neste capítulo... não no casamento, note-se, na própria da sensoralização, que é escrever utilizando o menos possível a visão, recorrendo a outros sentidos, fazendo o leitor imaginar, sentindo também...qualquer coisa assim... acho que sou uma nódoa nesta matéria.

 

Cá fica então o Casamento no México

 

A manhã acordou cedo, como se o sol estivesse ansioso por mostrar o seu rosto. Mal abri a janela, um bafo quente embateu violentamente contra o meu corpo. Toda a paisagem invadiu os meus sentidos e entranhou-se fogosamente em mim.

Saí com um vestido leve e esvoaçante e calcei umas sandálias de tiras finas, daquelas em que me sentia descalça. A rua enfeitara-se também de alegria, numa mistura aromática de flores que a ladeavam em cortejo até à igreja.

À medida que me aproximava, aumentava mais o burburinho histérico das mulheres, contrastando com os passos apressados dos homens, arrastando os sapatos novos na terra batida. De repente, um galopar violento passou por mim levantando uma nuvem de poeira seca. Sacudi o vestido e continuei até ao átrio da igreja, repleto de vultos agitados e vozes nervosas, estridentes.

Pepe encontrava-se rodeado de dois amigos que o seguravam no cimo da escadaria. Os seus olhos vagueavam turvos no horizonte como um pássaro perdido e o corpo exalava o odor de lágrimas e tristeza.

“Deixou-me” - disse num laivo de dor numa voz rouca e sumida. Contou-me que Lupe acabara de fugir com o seu melhor amigo - um Mariachi que o apunhalou cobardemente pelas costas, num golpe certeiro e frio.

“Levou-a” - balbuciou e aos poucos vi os contornos do seu rosto inchar de raiva, um respirar carregado de ira.

Tentei acalmar a torrente de palavras enfurecidas que lhe transbordavam como se tivesse a boca cheia de água. Mas era impossível. Já lhe sentia o sangue a borbulhar no olhos, as mãos húmidas e cerradas, as pernas descontroladas, pulsavam por uma vingança de morte.

“Vou mata-lo” - rangeu entre dentes com um travo amargo de cólera. Travei, em vão, o seu corpo transpirado contra o meu, e quase lhe senti o enorme buraco aberto no peito que flamejava intensamente. Pepe abraçou-me como se fosse o último dia da sua vida, para depois as suas mãos tremulas sacudirem-me bruscamente para o lado. Montou o primeiro cavalo que viu e desapareceu, num galopar desenfreado em busca de um rasto de vida, da sua honra roubada.

 

The end :)

publicado às 01:12

Em branco

por Closet, em 01.02.10

Em branco.

Sinto-me corrosivamente em branco. Há dias assim, em que estamos enclausurados numa imensidão de nuvens que ofuscam o nosso campo de visão. Vimos branco. Um branco opaco. Uma cegueira evidente do vaziu que é "não ver nada"...

 

Tenho uma história para escrever sobre a personagem que observei. E é para terça-feira... E muito provavelmente hei-de escrevê-la amanhã à noite no comboio...Just Me. Depois de perder meio dia e estudar o povo Masai...e sim, não ajuda, apesar da minha personagem ser de raça negra... no way, aquele povo é...assustador... wonder why o meu filho escolheu aquela malta para pesquisar... adiante.

 

Para a minha história, a única luz que tenho é uma musica antiga que ouvi sexta à noite no Twins - "Dacing with myself" do Billy Idol - e, sei lá porquê, lembrei-me de um gesto que observei nela, um afagar da perna como que a consolar-se enquanto falava ao telefone. Já ouvi 5 vezes a música, li a letra ... mas continuo em branco... sei que, de alguma forma, ela vai "dançar sozinha" na minha história... e confesso, ando  pensar no que significa isso mesmo... se por vezes, sem saber, no meio da multidão apenas vemos o nosso reflexo no espelho. E todos os olhares passam por nós vazios, indiferentes, como se fossemos invisiveis. Nesse momento pensamos, não há nada que se possa fazer, estamos inevitavelmente a dançar sozinhos...

 

Dancing with myself - Billy Idol

 

On the floor of Tokyo
Or down in London town to go, go
With the record selection
With the mirror reflection
I'm dancing with myself

When there's no-one else in sight
In the crowded lonely night
Well I wait so long
For my love vibration
And I'm dancing with myself

Oh dancing with myself
Oh dancing with myself
Well there's nothing to lose
And there's nothing to prove
I'll be dancing with myself

If I looked all over the world
And there's every type of girl
But your empty eyes
Seem to pass me by
Leave me dancing with myself

So let's sink another drink
'Cause it'll give me time to think
If I had the chance
I'd ask the world to dance
And I'll be dancing with myself

publicado às 00:44

A história de uma morena

por Closet, em 10.08.08

Hoje o dia foi estupidamente simples e divertido, às vezes há coisas simples que nos fazem divertir tanto, e hoje ver o meu filho de 3 anos a ouvir CDs na FNAC com uns auscultadores maiores que a cabeça dele, a cantar e a dançar, filmámos tudo, foi único!

Como tive o desafio de escrever uma mini-história, coisa que não me é difícil, basta olhar para um indivíduo qualquer, um casal na mesa do lado, e passam-me logo pela cabeça histórias inventadas com eles como personagens. Aqui vai uma história inventada, não sou eu, nem alguém que conheço, apenas podia ser um outro Eu noutra encarnação!

Acho que me alonguei um pouco, se perderem a paciência de ler, compreendo!

Aqui vai!

 
"A história de uma morena
 
Ela tem cerca de 30 anos, estatura média e um corpo atraente com uns olhos verdes brilhantes. Tem a vida pela frente, apesar de solteira e sem pressas de casar, tem um grupo de amigas com quem sai e viaja frequentemente, tem a sua casa, um cão que adora, e um trabalho que a satisfaz o qb.
Todas as manhãs ela toma o pequeno-almoço num café movimentado, mas que tem um capuccino sem o qual ela não consegue passar. É nesse café que ela se cruza já há alguns anos com um homem, um pouco mais velho que ela, de aliança no dedo e a quem ela já acena “bom dia” por simples boa educação. Na sua cabeça aquele homem tem um ar arrogante e convencido, e nem tem razões para isso, apesar de ela não conseguir reparar no físico dele escondido sempre por baixo de fatos e sentado numa mesa, a sua cara é pouco simpática e atraente, ele é definitivamente feio.
Mas houve um dia em que não havia mesas disponíveis e ela teve de dividir a mesa com aquele homem, que já conhecia há anos sem nunca ter realmente falado com ele. Ele disse-lhe para ela se sentar ali e seria má educação não o fazer... Nesse dia o pequeno-almoço foi mais prolongado, acabaram por falar sobre as coisas mais triviais, apercebera-se que para além de casado tinha filhos, mas pouco mais da sua vida pessoal, apenas foram falando como dois amigos que se encontram no café todos os dias e não precisam de por a conversa em dia. Até foi agradável, afinal ele não lhe parecera convencido nem antipático. Ela sentiu-se mal de ter feito aquele julgamento precipitado e de o ter condenado antes de sequer ter-lhe dado oportunidade de se apresentar.
Nos dias seguintes os pequenos-almoços tornaram-se diferentes,... ela já fazia um pouco mais de conversa com aquele desconhecido do que o simples “bom-dia” e ele já fazia brincadeiras do tipo “esse croissant engorda, com menos 20 kg já ficas em forma”,... e parecendo que não aquele homem de fato não saía da sua cabeça, ou porque lhe dizia coisas irritantes (que lhe faziam pensar que afinal ele era mesmo o tal convencido que pensara) ou porque a olhava, por vezes, de uma maneira diferente e intensa que a perturbava de alguma forma que não conseguia explicar.
Estaria ela a ficar louca? Ele era casado, com filhos, não o conhecia minimamente, odiava o seu ar arrogante e convencido, não o achava minimamente giro,... qual era a razão de não o tirar da cabeça e ficar num estado de nervos sempre que entrava naquele café? Ás vezes até tentava fingir que não o via, ignorava-o, mas ele não saía da sua cabeça por alguma razão inexplicável à razão humana. Às tantas até dava com ela a aparecer no café, em alturas que nunca ía, para ver se ele lá estava, mas nunca o encontrava. Ele era só "o homem de fato com ar de convencido" que habitava o café do seu pequeno-almoço. Afinal o que poderia ela querer dele? Sexo estava fora de questão, não sentia qualquer atracção física por ele. Um jantar com um bom vinho, apenas para o conhecer melhor e certamente desiludir-se de tal forma com ele que nunca mais pensaria nele? Mas seria demasiado perigoso, e se até gostasse de estar com ele?...  O que é que ela poderia querer mais daquela “relação” impossível?? Talvez uma palavras simpáticas seguidas de um beijo, talvez um envolvente beijo húmido e prolongado lhe fosse capaz de demonstrar o que ela verdadeiramente sentia por ele. Um beijo não deixa dúvidas, diz tudo, desarma a alma. Será que um dia esse beijo vai acontecer?" Closet
 
http://www.imeem.com/people/Sj15jy/music/1fWMLNKU/cher_the_shoop_shoop_song_its_in_his_kiss/

sou craque neste karaoke!

publicado às 21:05


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