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«Há tanta, tanta gente neste mundo, todos à espera de qualquer coisa uns dos outros, e, contudo, irremediavelmente afastados« Haruki Murakami
Há um destino. Malfadado. Escrito a uma tinta invisível.
Uma história de cordel com os ultimos capítulos esquecidos por quem não os quis escrever.
Inacabada, dramática, de amantes desmembrados por palavras mortas de amor.
Como um fio de arame farpado que rasga, sangrento, e os prende ao vento sem direcção.
Assim oscilam eles, vagabundos, numa realidade ficcionada sem escritor.
Há um caminho que procuram a vida inteira, sem encontrar.
Estreito, sinuoso. Secreto.
Distantes, examinam os corpos que jazem feridos. Por curar.
Das chagas que os queimaram.
Lambem-se, um ao outro. Por palavras doridas que extraem dentro de si, sem falar.
Há uma distância que os persegue, num percurso holográfico.
Repetitivo. Assustador.
Um cansaço que invade cada segundo que passa.
Numa luta inglória. Numa espera insuportável.
Como um caminhar solitário num chão frio numa busca incessante de calor.
Perseguem cegos as palavras moribundas que trazem na pele vestidas,
Numa embriaguez perpétua de desejo, de paixão e amor.
Há um destino, um caminho e uma distância.
Há desejo, paixão e amor.
Naquela Tarde
Naquela tarde segui em frente e não olhei para trás.
Passou tanto tempo... E mesmo que hoje me corte a alma lembrar-te, não consigo arrepender-me de cada momento nosso. Aquele regresso, com lágrimas a escorrerem dos olhos e o coração amordaçado, foi o caminho mais longo que alguma vez já percorri. Mas se me perguntasses se queria voltar, muito provavelmente diria “só mais uma vez”.
Texto de ficcção escrito para a Fábrica de Histórias
http://fabricadehistorias.blogs.sapo.pt/2008/11/24/